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A esquerda e o confronto físico com os fascistas

Dez 01, 2017

Por Bepe Damasco                                                                                

 

“Ano que vem, durante a campanha eleitoral, as milícias fascistas vão tentar nos expulsar das ruas. E não faz parte das melhores tradições de luta da esquerda ser posta para correr por hordas nazifascistas. Nós vamos ter que enfrentá-los também fisicamente”, alerta o deputado Wadih Damous.

A preocupação do parlamentar faz todo sentido, afinal, o ovo totalitário da serpente, cuidadosamente chocado pelo monopólio da mídia durante o mensalão e as chamadas jornadas de junho de 2013, deu à luz a uma quantidade considerável de criaturas descerebradas, que babam de ódio e intolerância diante de qualquer ser humano que cometa o crime de não pensar como elas.

Por isso, crescem de forma vertiginosa em nosso país os ataques racistas, a censura a obras artísticas, as manifestações explícitas, e cada vez mais violentas, de preconceito contra negros, indígenas, mulheres, LGBT e  pobres em geral. O número de feminicídios no Brasil está entre os mais altos do mundo, enquanto brasileiros são agredidos e assassinados simplesmente por sua orientação social.

Esses tempos de trevas na área do comportamento atingiram em cheio o mundo da política, como subproduto da campanha para apear o PT do governo, que culminou como o golpe midiático-judicial-parlamentar de 2016.

Reparem como é comum o indivíduo racista ter na ponta da língua o discurso do ódio ao PT, assim como a repulsa a tudo que lembra inclusão social, causas coletivas, igualdade de oportunidades, soberania nacional, cotas raciais e sociais, soberania popular, patrimônio público, riqueza nacional, direitos da classe trabalhadora e programas sociais é uma espécie de marca registrada de grande parte dos homofóbicos, misóginos e moralistas sem moral.

Voltando às eleições de 2018, há claros indícios de que os seguidores do candidato à presidência Jair Bolsonaro, expressão institucional mais acabada dos valores mais nefastos que a alma humana pode abrigar, protagonizarão episódios de violência durante a campanha. Quem será capaz de convencer um bolsonarista de que eleição em qualquer país que se pretenda civilizado e democrático deve ser encarada como um período privilegiado para o debate de ideias e a disputa de projetos para o país?

Vejo com pessimismo a possibilidade de os aficionados de Bolsonaro se curvarem às regras democráticas por uma simples razão: isso não faz parte do DNA deles. No entanto, por uma questão de justiça, é importante reconhecer que os adoradores do capitão que foi expulso do Exército não detêm o monopólio da bestialidade. Muitos, na esfera do conservadorismo, embora o rejeitem como político por um motivo ou por outro, destilam ódio na mesma intensidade.

Tudo isso somado aponta para uma eleição com um nível de radicalização jamais visto. Os militantes de esquerda e do campo democrático que não subestimem o que está por vir. E, para honrar tantos antepassados que deram seu sangue generoso pela liberdade e por uma sociedade mais justa e igualitária, a esquerda deve se pintar para guerra. Bem no popular : se quiserem debate, terão debate, mas se quiserem porrada, terão porrada.

 

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