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Assassinato de Marielle foi crime político

Mar 15, 2018

Por Bepe Damasco                                                                                                 

 

 

Marielle Franco, vereadora, feminista, negra, socióloga e destacada lutadora pelos direitos humanos está morta. Os nove tiros desferidos contra seu carro tiveram o claro objetivo de abafar sua voz e impedir que suas ideias seguissem cativando corações e mentes, na dura militância contra todo tipo de preconceito e a criminalização da pobreza. Alvejado pelos disparos, o motorista Anderson Gomes também morreu.

Por isso, nem mesmo a cautela recomendada pela polícia e demais autoridades em relação às investigações, coisas do tipo “a principal linha de investigação é a execução, mas nenhuma outra hipótese pode ser descartada”, é capaz de evitar uma conclusão óbvia: Marielle tombou vítima de um brutal e covarde crime político. Ou alguém duvida de que sua execução foi uma represália à sua atuação política destemida em defesa dos direitos humanos?

E essa definição de crime político tem importância capital, tanto para honrar a memória e o legado de Marielle no patamar que ela merece como para denunciar ao mundo a gravidade do momento vivido pelo país. Os militantes que continuarão no combate por uma sociedade mais justa e igualitária sabem que uma linha divisória acaba de ser ultrapassada.

Lutar pelo “bom e pelo justo”, tomando emprestada uma expressão de Olga Benário Prestes, no atual estado de exceção do país, implica risco de vida.
Não é pouca coisa em termos de indícios para a elucidação do crime a denúncia recente feita por Marielle das atrocidades cometidas pela PM contra os moradores de Acari, mostrando que estava disposta a levar às últimas consequências sua condição de relatora da comissão de acompanhamento criada pela Câmara dos Vereadores para monitorar a intervenção militar no estado do Rio de Janeiro.

O assassinato de Marielle só confirma, aliás, que a militarização da segurança publica visa somente reprimir, constranger e humilhar os pobres. Os crimes se sucedem e a sensação de insegurança permanece a mesma, enquanto o estado paralelo teima em exibir suas garras e desafiar as instituições e a cidadania.

Se por um lado quem apertou o gatilho em direção à lutadora do povo, com toda certeza agiu para garantir a impunidade dos que vivem a açoitar os oprimidos, humilhados e ofendidos por uma estrutura social vergonhosa, por outro, é inescapável a constatação de que esses bandidos covardes tiveram a inspirá-los e incentivá-los o clima de ódio e intolerância que se dissemina pela sociedade como rastilho de pólvora desde as famigeradas manifestações de 2013, passando pelo golpe de estado e culminando com a caçada a Lula.

Marielle, presente !

Anderson, presente !

 

 

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