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Será que não devemos mesmo subestimar Bolsonaro?

Dez 07, 2018

Por Bepe Damasco                                                                                         

 


Respeitados analistas políticos e quadros de primeira linha da esquerda vêm batendo na tecla de que, devido a sua base social e política, aliada a uma agenda econômica que unifica a elite e todos os segmentos da direita, Bolsonaro não deve ser subestimado. Enfatizam também que o fenômeno sóciopolítico que levou a extrema direita ao governo da República pode não ser algo apenas transitório, um mero voo de galinha na linguagem popular.

É claro que esse alerta tem como objetivos principais chamar  o conjunto da esquerda à reflexão sobre seus erros e para a necessidade de reaproximação com as favelas, periferias e com a luta cotidiana do povo. Quando chamam a atenção para o poder de fogo do inimigo, esses articulistas miram na necessidade de formação de frentes democráticas em defesa dos direitos civis, políticos e sociais ameaçados pelo nazi-bolsonarismo.

Decerto que não há reparos a fazer quanto à pertinência dessas formulações táticas e estratégicas. Contudo, é preciso examinar o outro lado. Diante da infinita capacidade revelada por Bolsonaro de produzir fatos negativos durante as movimentações para a formação de seu governo, já paira uma nuvem carregada de dúvidas em Brasília quanto à possibilidade dele construir as condições mínimas de governabilidade.

Nunca antes na história deste país um governo ainda não empossado protagonizou tantos episódios deploráveis. Do seu inacreditável ministério no qual pontificam débeis mentais, imbecis, corruptos, fundamentalistas e lunáticos à atuação desastrada de seus filhos descerebrados, passando por um zigue-zague de decisões e escolhas de nomes com idas e vindas sem fim, chega-se à transição mais patética de todos os tempos.

Seria desnecessário aqui entrar no mérito do pensamento medieval de muitos ministros anunciados . Mas ao ensaiar um governo de concepção ideológica pré-iluminista, Bolsonaro cria um fosso instransponível com vastos e influentes segmentos da sociedade, que não aceitarão o mergulho nas trevas preconizado pelo governo fascista.

Ah, mas esse ideário obscurantista venceu as eleições, logo Bolsonaro goza de apoio para implementá-lo, dirão alguns. Será ? Primeiro que dois terços dos eleitores não votaram em Bolsonaro. Depois, cabem algumas perguntas: 1) O capitão nazista venceria a eleição se não fosse a facada estranhíssima que sofreu, possibilitando que ele escondesse seu notório despreparo numa enfermaria de hospital por praticamente toda a campanha ? 2) Qual seria o resultado da eleição se ele tivesse comparecido aos debates no segundo turno ? 3) Sem a indústria de mentiras e calúnias, impulsionadas por caixa 2, Bolsonaro superaria Haddad ?

Governar um país complexo como o Brasil está longe de ser tarefa simples e banal. Noves fora a ignorância de Bolsonaro sobre todo e qualquer assunto relevante para um governante, estou convencido de que ele não possui os requisitos básicos de educação e civilidade que o cargo requer.

Quantos brasileiros e brasileiras concordam que mulher deve ficar em casa trabalhando, que a igreja é que deve governar o Brasil, que clitóris e ponto g são coisas do PT, que o Ministério do Trabalho deve acabar, que o Brasil deve comer na mão de Trump, que quem luta por terra e moradia deve ser considerado criminoso, que manifestações artísticas são obra e graça do marxismo cultural, que professores sejam amordaçados na sala de aula, que o Enem deva ser censurado, que os árabes e chineses virem nossos inimigos, que ser patrão é um sofrimento e que cabe ao Brasil declarar guerra à Venezuela ?

É bom que se diga que essas barbaridades não brotaram de suposições da oposição, mas se tornaram de conhecimento público a partir de declarações de Bolsonaro, de seus filhos ou dos ministros indicados. E agora vem à tona o caso escaboroso da dinheirama que circulou na conta do assessor  do deputado Flávio Bolsonaro e reforçou o orçamento da primeira-dama. Nitroglicerina pura, especialmente para quem usa e abusa do discurso demagógico e cínico do  combate à corrupção.

Não sejamos ingênuos. Não há motivos para comemorações. A inviabilização de Bolsonaro no curto ou médio prazo pode resultar em tutela militar de um governo fraco ou em Mourão na presidência. Mas, enquanto liderança de um projeto de poder, Bolsonaro dá seguidas demonstrações que pode sim ser subestimado.

 

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