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Mentira e covardia são marcas registradas do bolsonarismo

Mai 20, 2021

Por Bepe Damasco                                                                                                         

Diante do festival de mentiras grosseiras protagonizado por pessoas que até pouco tempo ocupavam altos cargos na administração pública federal, me veio à cabeça uma analogia anedótica, mas que faz sentido. Imaginei o ex-presidente Fernando Collor de Mello no banco de uma CPI :

Senador 1 – O senhor apareceu na cena política nacional com o epíteto de “caçador de marajás”...

Collor – Desculpe interromper Vossa Excelência, mas eu nunca fui chamado de caçador de marajás.

Senador 2- O que Vossa Excelência tem a dizer sobre a relação fora das regras republicanas que mantinha com o empresário Paulo Cesar Farias, o PC?

Collor – Deve haver algum engano, pois eu jamais ouvi falar deste tal de Paulo Cesar Farias que o senhor mencionou.

Senador 3 – Aproveito a oportunidade para tentar entender as razões que  levaram o governo chefiado pelo senhor a confiscar a poupança de milhões de brasileiros, em um caso típico de apropriação indébita.

Collor – O meu governo  nunca confiscou poupança de quem quer que seja, porque a economia popular é sagrada. Esse tipo de coisa jamais passou pela nossa cabeça.

Pois é este nível estarrecedor de mentira, desfaçatez e cinismo que vem chocando o país nos depoimentos de Wanjgarten, Ernesto Araújo e Pazuello. Verdadeiras agressões à inteligência alheia, essa tentativa de construção de uma realidade paralela teve origem no episódio da não prisão de Wajngarten defendida pelo senador Renan, relator da CPI, mas rechaçada pelo presidente Omar Aziz.

Claro que não defendo prisões à la Lava Jato e prezo princípios caros ao estado democrático como a presunção de inocência e o direito a mais ampla defesa e ao contraditório.

Contudo, feita dentro da lei, a voz de prisão para Wajngarten teria um efeito didático que em muito contribuiria para impedir a desmoralização da CPI. Aqui vale rememorar o caso envolvendo o ex-presidente do Banco Central, Chico Lopes, em 1999.  

Convocado para depor na CPI dos Bancos, que apurava irregularidades no sistema financeiro, especialmente a compra de dólares por preços favorecidos  pelos bancos Marka e FonteCindam, Chico Lopes, ao se negar a assinar o termo de compromisso de falar a verdade, recebeu ordem de prisão do presidente da comissão, senador Bello Parga.

Algumas horas depois, os advogados de Chico Lopes pagaram fiança e ele foi libertado, respondendo ao processo em liberdade, uma prerrogativa da legislação. Mas o episódio reforçou a autoridade da CPI e inibiu performances mentirosas, debochadas e desafiadoras por parte dos próximos depoentes.

Voltando à CPI do Genocídio, não há dúvida de que a impunidade de Wajngarten significou uma espécie de salvo conduto para que Ernesto Araújo e Pazuello mentissem em profusão.

Termino, transcrevendo aqui um pequeno texto sobre o assunto que postei no meu perfil do facebook:

Cambada de frouxos – Os depoimentos à CPI de Ernesto Araújo e Fábio Wajngarten (e agora de Pazuello)  são um retrato sem retoques do caráter dos bolsonaristas. Além de esbanjarem cinismo e mentirem compulsivamente, são frouxos e covardes.

Exibem garras de feras indomáveis quando, nos seus cargos, deitam falação negacionista, xenófoba e fascista. Tudo devidamente registrado em vídeos, artigos, declarações à imprensa e nas redes sociais. Contudo, na hora que sentam seus traseiros no banco da CPI se acovardam vergonhosamente e negam tudo.

É impressionante a superioridade moral dos democratas, socialistas e comunistas em relação a essa escória da extrema direita. Incontáveis militantes da esquerda ao longo da história perderam a vida na tortura, ou penaram nos cárceres, mas não abandonaram suas convicções.

 

 

 

 

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