Foto: Reprodução
1) Reputação ilibada e notório saber jurídico são as duas exigências constitucionais para a ocupação de uma cadeira na corte suprema do país. Os dois requisitos são cumpridos com louvor pelo doutor Cristiano Zanin.
2) Seu conhecimento jurídico foi demonstrado sobejamente no enfrentamento corajoso da poderosa máquina da Lava Jato, desde o período mais duro em que a quadrilha de Curitiba desfrutava de grande prestígio e seus integrantes, Moro e Dallagnol à frente, eram pintados em prosa e verso pela mídia corporativa como heróis nacionais do combate à corrupção. O próprio Zanin foi vítima das atrocidades cometidas pela Lava Jato com o grampo nos telefones do seu escritório e toda sorte de tentativas de intimidação.
3) A defesa do presidente Lula, liderada por Zanin, foi além de expor a falta de provas, a fragilidade flagrante de todas as acusações e o nítido propósito político das imputações, o lawfare, chegando a produzir provas da inocência do presidente, mesmo com o ônus da prova cabendo ao acusador.
4) A indicação de um ministro do STF é um ato político sim senhor. Nos EUA, os presidentes fazem suas escolhas para a Suprema Corte com base especialmente no critério de afinidade política. E a mídia comercial brasileira, que hoje ataca a inclinação de Lula por Zanin, nunca viu problema nisso.
5) As indicações em passado recente feitas por Lula e Dilma reduziram a margem de erro para as próximas escolhas de ministros do Supremo a zero. É evidente que o predicado maior do candidato é a fidelidade à Constituição, mas Lula não pode correr nem o mais tênue risco de dar o cargo vitalício de ministro para alguém capaz de trair sua função republicana. O apoio, por ação ou omissão, de boa parte de suas excelências à campanha de linchamento de Lula, Dilma e do PT é uma lição para jamais ser esquecida.
6) As críticas dos jornalões à provável decisão de Lula de escolher Zanin, alegando ferir critérios de impessoalidade e afetar a legitimidade do mandato, não passam de biombo para esconder o real motivo de seus temores: Zanin no Supremo é a pá de cal, a desmoralização final do lavajatismo e de todo o seu amplo leque de apoio, no qual a mídia corporativa cumpriu papel destacado.
7) Entidades e personalidades respeitáveis da sociedade civil vêm defendendo a indicação por parte de Lula de uma mulher negra para a vaga do ministro Lewandowski. A Corte só teria a ganhar em diversidade e afirmação democrática se passasse a contar com uma mulher negra em seus quadros. Sem dúvida, um passo importante no combate ao racismo estrutural que nos assola. Excelente sugestão, portanto, para a segunda vaga a ser aberta, em novembro, com aposentadoria compulsória da ministra Rosa Weber. Porque, agora, é a hora e a vez de Zanin.