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A polêmica sobre o plebiscito

Jun 12, 2016

Por Bepe Damasco                                                      

 

 

De cara, é preciso sublinhar que o maior patrimônio político da luta contra o golpe, a mobilização da sociedade que envolve trabalhadores, jovens, mulheres, sem-teto, sem-terra, intelectuais, artistas, LGBTs e negros, deve ser preservado a todo custo.
 
Primeiro porque é essencial para pressionar os golpistas, não reconhecendo o governo usurpador e criando toda sorte de dificuldades para a implantação de seu programa obscurantista e anticivilizatório. Depois porque o movimento de resistência democrática projeta o futuro da esquerda.
 
Um mês de Temer. Um mês de passeatas, comícios, ocupações, escrachos, vomitaços, greves, bloqueios de rodovias e apitaços. A envergadura do movimento erguido ao longo da luta contra o golpe, e que levou dezenas de milhares de pessoas às ruas, não poderia ser prevista nem pelo mais otimista dos militantes e analistas do campo democrático e progressista.
 
Aí, com argumentos respeitáveis a favor e contra, eis que surge a proposta de plebiscito para a antecipação das eleições presidenciais. Há poucas semanas, escrevi um artigo apontando os erros e inconveniências dessa ideia à luz do ascenso do movimento de massas contra o golpe. Chamei a atenção de que a tese é nociva à unidade das forças que conduzem a luta pela democracia, entre outros pontos negativos.
 
O plebiscito a ser convocado para que o povo decida sobre a necessidade de se convocar novas eleições divide opiniões nas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo. A CUT e o MST são contra porque veem nele não só uma forma de legitimação do golpe, ao naturalizar o encurtamento do mandato da presidenta Dilma, como também um elemento de corrosão da unidade. O PCdoB é a favor, enquanto o PT está dividido;
 
Contudo, é forçoso reconhecer o aparecimento de dois fatos novos : 
 
1) Tudo indica que só há chance de derrotar o golpe no Senado se a rejeição ao impeachment vier acompanhado de um compromisso claro de Dilma com a antecipações das eleições. Isso porque os senadores que votaram pela admissibilidade do processo, mas admitem mudar de voto no exame do mérito, já sinalizaram que só o farão caso eleições presidenciais forem convocadas;
 
2) A própria presidenta em entrevistas recentes falou da necessidade de novas eleições como medida essencial para a recomposição do pacto republicano rompido pelos golpistas. Como Dilma não abordaria assunto tão delicado de forma tão assertiva, é bastante provável que essa alternativa já venha sendo discutida por Dilma com o senadores indecisos.
 
Mas, uma coisa é a presidenta deposta por uma quadrilha, e sem ter cometido crime algum, negociar com alguma dose de pragmatismo para reverter a brutal injustiça cometida contra ela. Outra bem diferente é permitir que esse debate precipitado contamine e fragmente o movimento popular de resistência democrática.
 
Aqui cai como uma luva o dito popular "cada dia com sua agonia." Da parte da resistência, a tarefa é ampliar e radicalizar as mobilizações, inclusive com a construção de uma greve geral. Isso até a votação final do processo no Senado marcada para meados de agosto.
 
Como a realidade deve ser a medida de todas as coisas, o resultado do Senado vai apontar os próximos passos da luta democrática e republicana. Insisto, portanto, que, nesse momento, seria uma séria derrapada colocar o carro na frente dos bois.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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