“Não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da Polícia Militar!” Esse tem sido um dos cantos mais recorrentes entoados em manifestações, principalmente, pelos estudantes
A desmilitarização da Polícia Militar é uma pauta antiga no movimento estudantil. Herança da ditadura militar, a PM tem deixado um rastro de sangue e terror por onde passa. São inúmeros os casos de violência policial contra estudantes, professores, jornalistas e, principalmente, a juventude negra da periferia de todo o Brasil.
“A Polícia Militar, sua concepção e prática, é obra da ditadura militar brasileira. Ainda hoje é possível encontrar semelhanças, seja na truculência, na tortura, no assassinato ou na ocultação de cadáveres, como no caso Amarildo. A atuação da PM em protestos ou greves também deixa clara a urgência da pauta”, diz Thiago Pará, secretário-geral da UNE.
Para citar apenas alguns casos da truculência policial: há o recente episódio da estudante Deborah Fabri que perdeu a visão de um olho depois que estilhaços de uma bomba de efeito moral lançada pela polícia durante manifestação pelo “Fora Temer” destruíram a lente de seus óculos. No dia seguinte a essa manifestação, um fotógrafo que cobria os protestos foi atingido pela polícia e perdeu alguns dentes.
Em junho de 2013, o fotógrafo Sérgio Andrade da Silva ficou cego de um olho após ter sido ferido pela Polícia Militar em uma das manifestações no centro de São Paulo. Na mesma época, a repórter Giuliana Vallone, da TV Folha, foi atingida no olho por uma bala de borracha disparada por policiais militares da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) enquanto cobria o protesto contra o aumento das tarifas em São Paulo.
As cenas de violência protagonizadas pela Polícia Militar do Paraná, em abril do ano passado, em opressão aos protestos dos professores da rede pública foram mais um capítulo da violência policial que cada vez mais tem feito novas vítimas.
Os padrões de operação da Polícia Militar reforçam o coro por reformas. Faz-se urgente o fim dessa cultura de guerra que concebe a segurança como uma luta permanente contra o “inimigo”, quase sempre identificado na figura do jovem pobre e negro.
“A polícia militar no nosso país traz um modelo que não dialoga com o modelo de segurança pública que achamos importante. A PM hoje é um aparelho de repressão do Estado e não de proteção social. É a polícia que entra na favela e mata, muitas vezes por conta da cor da pele. É a polícia que reprime a manifestação e tem um papel desviado do que lhe compete”, diz Marianna Dias, diretora da UNE.
A proposta de desmilitarização consiste na mudança da Constituição, por meio de Emenda Constitucional, de forma que polícias Militar e Civil constituam um único grupo policial, e que todo ele tenha uma formação civil.
EU QUERO O FIM DA POLÍCIA MILITAR JÁ!
Segundo estudo da violência realizado em São Paulo, a polícia paulista foi responsável por uma em cada quatro pessoas assassinadas na capital em 2015. Os dados indicam ainda que as mortes classificadas como confronto entre suspeitos e policiais militares de folga aumentaram 61%.
Em todo o ano de 2015, a polícia matou 412 pessoas na capital, o que representa 26% dos 1.591 assassinatos da cidade, um recorde. Em algumas regiões da cidade, a polícia matou ainda mais em 2015. No Butantã, Jaguaré e Jardim Arpoador, na Zona Oeste, uma em cada duas vítimas foram mortas por policiais.
Por essa realidade, a UNE encabeça a campanha #DesmilitarizaJá para conscientizar as pessoas da necessidade de se pensar uma polícia mais humana e responsável pelas agressões que possa cometer.
Participe desta ação você também! Compartilhe as artes da campanha nas redes sociais, imprima os adesivos, use e cole pela cidade. Passe essa ideia adiante!