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Por que não um porta-voz contra as falsas narrativas?

Dez 14, 2023

Por Bepe Damasco                                                                                                  

 

Em seu comentário econômico, na Rádio CBN, há alguns dias, o jornalista Carlos Alberto Sardenberg, conhecido defensor das causas do mercado financeiro, criticou os petistas que não concordam com a tese do déficit zero. Para ele, o debate do PT sobre o assunto, que ganhou força na conferência eleitoral do partido, não passa de uma tentativa de sabotar o ministro Haddad.

O jornalista foi além lembrando que nos governos Lula do passado não houve déficit, mas sim superávit, e o país cresceu, enquanto os mandatos de Dilma Rousseff, que registraram déficit, "produziram a maior recessão da história republicana brasileira." 

Por fim, Sardenberg apelou para cantilena neoliberal rasteira de sempre dizendo que a nossa cultura é a de gastos e que "Lula quer gastar", como se fosse uma gastança irresponsável, e não expressão do compromisso do presidente com o desenvolvimento do país.

Citou ainda como exemplo de cultura da gastança o fato de Dilma, na visão dele uma gastadora, ter sido escolhida a mulher economista do ano de 2023 pelos conselhos estaduais e federal dos economistas.

Não que eu veja importância maior nesse comentarista de economia, mas  assim que terminei de ouvir sua análise, refleti como a imprensa comercial nada de braçada com suas manipulações, usando e abusando de falsas narrativas.

O governo tem várias maneiras de enfrentar esse problema e fazer a disputa. Uma delas é a nomeação de um porta-voz, cuja função seria não deixar ataques sem respostas e fazer o contraponto diário à desinformação. 

O modelo adotado pelo governo Obama, durante seus dois mandatos presidenciais nos EUA, pode servir como referência. Seu porta-voz Josh Earnest se encontrava com a imprensa todos os dias às 11h, para não só responder às perguntas dos jornalistas, mas, sobretudo, para expressar a posição do governo em relação aos assuntos mais polêmicos do noticiário. 

Confrontado com narrativas como as de Sardenberg, um porta-voz do governo brasileiro rebateria:

"O presidente Lula confia plenamente e endossa as posições de seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em sua busca de acertar as contas públicas destroçadas pelo governo anterior. Agora, o PT é um partido vivo, democrático, que debate ideias diferentes de seus militantes da forma mais natural. E vale destacar que o gasto que o presidente Lula defende significa investimento público, para fazer a economia crescer de forma sustentável, para melhorar a vida das pessoas."

Rebater os ataques à Dilma, seria mais fácil ainda para o porta-voz:

"É importante lembrar que foi durante os governos da presidenta Dilma que o Brasil atingiu seu mais baixo índice de desemprego, no final de 2014, com 4,8%, situação tida como de pleno emprego. E não é justo depositar na conta de Dilma a recessão de 2016, pois em maio deste ano ela deixou o governo, vítima de um golpe de estado. Também não é honesto intelectualmente deixar de reconhecer que os resultados econômicos ruins colhidos a partir do seu segundo mandato, em 2015, foram consequência direta da sabotagem do então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha."

Um porta-voz teria ainda a vantagem adicional de tirar parte do peso da comunicação do governo das costas do presidente Lula, como ocorre atualmente.

E até a extrema-direita já entendeu a importância da figura do porta-voz. Não por acaso, desde a posse do lunático fascista Javier Milei, na presidência da Argentina, o nome que mais aparece no noticiário sobre o país é o do porta-voz Manuel Ardoni. 

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