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Nada mais parecido do que a forma como a Globo cobriu a campanha de Bolsonaro, em 2018, e como trata a campanha de Pablo Marçal à prefeitura de São Paulo, em 2024.
Há seis anos, o jornalismo da Globo fazia vistas grossas para o passado de Bolsonaro e fingia não ver os vídeos de sua vida pregressa defendendo a tortura e o assassinato de adversários políticos. Sua trajetória repleta de desrespeito às mulheres, preconceito racial e ataques à democracia foi propositalmente arquivada.
A naturalização do candidato da extrema-direita fazia parte da estratégia para derrotar o PT e seu postulante à presidência da República, Fernando Haddad.
Alguns dos principais comentaristas da GloboNews, sem corar de vergonha, diziam que o problema era a tática equivocada do PT, incapaz de perceber que o Brasil é um país conservador, ao mesmo tempo em que manifestavam sua esperança, pasme, de que Bolsonaro, uma vez na cadeira presidencial, se submeteria às regras democráticas.
Deu no que deu.
Hoje, diante do crescimento da candidatura de um lixo como Pablo Marçal à prefeitura da maior cidade do país, a Globo mostra que não aprende bulhufas com a história, nem com o passado recente e tampouco com o passado remoto.
A mesma irresponsabilidade ante a iminência de um descerebrado fascista assumir a mais alta magistratura do país se verifica agora com a possibilidade, toc, toc, toc, de uma figura execrável do calibre de Marçal governar a nossa maior metrópole.
Em vez de dar espaço no noticiário à condenação de Marçal a quatro anos de prisão por desvio de dinheiro de contas bancárias, crime pelo qual chegou a ser preso, mas recorreu e depois se beneficiou da prescrição, a Globo prefere elogiar sua fluência verbal demonstrada na sabatina da qual participou na emissora.
Em lugar de cobrar investigações sobre a pirâmide ilegal montada por Marçal, através da qual seus seguidores são remunerados pelos cortes de vídeos que melhor performam nas redes sociais, mecanismo vedado pela justiça eleitoral, a Globo só fala em seu avanço nas pesquisas, como se isso não representasse a menor ameaça para São Paulo.
Ao invés de lembrar para os telespectadores que o crime de calúnia consta do artigo 138 do Código Penal brasileiro, a Globo virou a página da abjeta acusação de "cheirador de cocaína" que Marçal faz a Boulos, mesmo depois de o jornal Folha de São Paulo ter revelado em reportagem que o Boulos que se envolveu com consumo de drogas e foi preso, em 2001, é um homônimo do deputado federal e candidato a prefeito. Trata-se de Guilherme Bardauil Boulos.
E quanto às inúmeras acusações de ligações de Marçal com a facção criminosa PCC ? Por que a Globo não se dispõe a fazer um reportagem investigativa sobre o assunto? Por acaso, não é de interesse público passar essa história a limpo?
Só sei que o mundo já teria desabado se um décimo dessas acusações pairasse sobre um petista ou aliado que concorresse a algum cargo importante.