Rogério Águas, o imortal baixista e compositor do também imortal Pink Floyd, escreveu uma carta aberta a Gil e Caetano pedindo para que os brasileiros se juntassem a um grupo de artistas, de renome internacional, que já se recusaram a tocar em Israel ou cancelaram seus shows por apoio ao massacre de palestinos.
Laurin Hill, Crazy Horse, Neil Young e até os Back Street Boys – por algum motivo – já cancelaram shows em Israel.
Mas os baianos não se sentiram melindrados e vão tropicalizar a terra de Bibi Netanyahu.
Afinal, atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu. Os palestinos não irão.
Só no ano passado, os sinonistas mataram mais de 2 mil palestinos, inclusive crianças, mulheres e idosos.
E estão, os europeus instalados em Israel, a invadir as terras do povo semita.
Assim como Eduardo Cunha, Joaquim Barbosa e uma caravana cada vez maior de evangélicos, a dupla baiana não se incomoda em legitimar um estado militar que não respeita as leis internacionais e mata por diversão.
Waters, é bom que se entenda, não está pedindo para que os tropicalistas não toquem para os israelenses, mas que se recusem a tocar em um país cujos dirigentes promovem um genocídio contra um povo pobre.
Roger Waters, no passado, já pediu a derrubada de todos os muros. O Floyd fez um concerto apoteótico depois da queda do Muro de Berlim.
Mas os europeus agora instalados em Israel ergueram, sangue nos olhos, um vergonhoso muro para segregar o povo palestino, os morenos semitas.
Sem uma resposta concreta da dupla brasileira ao seu primeiro apelo, Waters reiterou o pedido em uma nova carta.
Ali, o bom Roger tenta enternecer o coração dos baianos. Conta a emocionante história de dois garotos que foram alvejados, covardemente e nos pés, pelo exército de Israel.
Sem cometerem nenhum crime.
Eles mamavam o futebol, talvez nunca mais chutarão uma bola.
Respeito e muito o trabalho de Gil e de Caetano, amo a arte destes dois imortais.
Por isso, reconheço que eles estão sendo coerentes.
Os dois estão acostumados a tocarem onde existe um muro humano, um cordão que isola e espreme os pobres da diversão dos ricos.
Na festa que distribui chiclete para os brancos e dá uma banana para os pretos.
Se os tropicalistas tivessem que parar de tocar em zonas de exclusão, conflito e massacres, nunca mais subiriam em um trio elétrico no carnaval de Salvador.
E nem teriam luxuosos camarotes na festa da apartação social.
Elementar, meu caro Waters.
Palavra da salvação.