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 A (quase) silenciosa guerra das torcidas

Fev 17, 2017

Por ESPN                                                                                            

12 de fevereiro de 2017

O entorno do Estádio Olímpico Nílton Santos se torna uma praça de guerra. Antes do clássico entre Botafogo e Flamengo, organizadas dos dois clubes entram em confronto. Diego Silva dos Santos, de 28 anos, é baleado no peito e morre. As brigas no entorno da casa alvinegra são comuns, mas, dessa vez, a confusão foi quase toda filmada.

7 de setembro de 2016

Integrantes de organizadas de Botafogo e Fluminense promovem conflito em uma movimentada rua da zona sul do Rio de Janeiro, em dia de clássico pelo Campeonato Brasileiro. O jogo aconteceria bem longe dali, na Ilha do Governador, na zona norte. A briga, previamente marcada, teve ares de emboscada, já que a torcida alvinegra contou com apoio de uma facção vascaína para surpreender numericamente os tricolores.

Agosto de 2015

Membros de uma torcida organizada do Flamengo saem de Vigário Geral, na zona norte do Rio de Janeiro, em direção ao município vizinho de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O objetivo do grupo era dar o troco em uma agressão anterior, sofrida por um dos integrantes da facção rubro-negra após um clássico e cujo responsável seria um membro de grupo vascaíno.

Março de 2010:

Após anos de "reinado", levando a melhor em brigas dentro e fora do Rio, facção de torcedores do Vasco é alvo de ação supostamente coordenada na Avenida Brasil, na altura da Penha, na zona norte da cidade. O ataque acabou com um certo retrospecto de "vitórias" contra adversários. Por outro lado, estancou um histórico de divisão entre as próprias organizadas cruz-maltinas, que se aliaram como forma de auto-defesa.

Neste exato momento:

Por todo o Rio de Janeiro, na saída de uma escola, em um bar, em um baile funk, uma briga que estiver acontecendo pode ter relação com bandidos presentes em algumas torcidas organizadas, mesmo que ninguém esteja vestindo uma camisa de clube. Na maioria das vezes, não haverá boletim de ocorrência, notícia na imprensa, já que são capítulos de uma guerra silenciosa, que ficam mais possíveis de se conhecer a partir de relatos de atuais e antigos integrantes destes grupos.

E foi isso que fiz nos últimos meses, garantindo que seria dado anonimato a quem falasse. Os detalhes mostram uma estrutura mais complexa do que conhecemos, e também que o estádio, o próprio futebol, são elementos menores, apenas um pano de fundo em um cenário que também envolve crime organizado, tráfico de drogas e até política.

"Tem muito bandido ali, que não está nem aí para futebol. Seria bandido ali ou em qualquer outra situação, com qualquer outro grupo, só que ele se aproveita", afirmou um ex-integrante de uma das maiores facções do Vasco.

As brigas, que não envolvem todas as organizadas, é bem verdade, estão longe de serem casuais, mas também não são meros conflitos armados pelas redes sociais. Cada torcida organizada tem um núcleo, família ou setor regional, que é praticamente independente. Estes grupos se deslocam em dias de jogos, de um bairro ao outro, ou até mesmo de uma cidade vizinha. Estão prontos para o confronto, mas, muitas vezes, também são alvos fáceis. O controle desses grupos, além disso, gera reação dura das forças de segurança.

"A gente passava por cima da linha do trem. A polícia segurava todo mundo no viaduto, para ninguém passar para o outro lado (da torcida adversária). Batiam muito na gente", conta um torcedor, relatando uso de força para evitar confrontos no entorno do principal estádio carioca.

Emboscadas são constantes e estão contidas em uma série de táticas de guerrilha. Um entrevistado relatou ataque com armas de fogo, contra grupo de torcedores que estavam na passarela que ligava a Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, ao estádio do Maracanã. O corre-corre generalizado provocou pânico a quem não tinha nada a ver com a história, conforme mostram imagens publicadas no Youtube.

O "bonde", como é chamado o grupo de uma torcida que atravessa bairros a pé, é uma verdadeira tropa, pronta para uma guerra. Paus, pedras, socos ingleses, entre outros artefatos são utilizados, para caso de um possível confronto. Além disso, estes grupos, normalmente, têm escolta armada, feita por próprios integrantes, que vão a frente, para saber se há "adversários" no caminho e avaliar quantos são e se é possível enfrentá-los.

A mecânica é muito parecida com o que acontece nos deslocamentos mais longos, que torcedores fazem de ônibus ou vans, quase sempre com muitas armas e com alguns integrantes considerados mais bélicos, que "protegem" o veículo.

A preparação para a briga, aliás, pode ser para um encontro com torcedores que não são rivais. No Rio, atualmente, há facções, que torcem para o mesmo time, com interesses diferentes. Duas notórias, protagonistas de diversos confrontos, são acusadas por integrantes de organizadas de ligação com facções criminosas distintas que atuam no Rio, o que explica diversas brigas, inclusive nas arquibancadas de estádio.

No ano passado, em um clássico pelo Campeonato Carioca, duas organizadas de botafoguenses, brigaram no entorno de São Januário. Um olhar mais apurado revelou um motivo para lá de inusitado para a confusão: cada uma mantém aliança com torcidas de diferentes clubes paulistas, Corinthians e Palmeiras.

Para o Ministério Público, os conflitos foram "sensivelmente reduzidos" no interior e arredores de estádios de futebol do Rio. O principal motivo para isso acontecer, segundo o órgão, é a suspensão dessas associações nas instalações esportivas do estado. A medida é utilizada para reduzir a visibilidade desses grupos, limitando a adesão de novos integrantes, e também para limitar a receita a partir de venda de produtos.

O tenente-coronel Silvio Luiz, comandante do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe), da Polícia Militar, concorda que medidas mais duras para afastar os torcedores violentos dos campos, são efetivas para a redução da violência.

"A suspensão é bastante efetiva, quando incorre da proibição do membro da organizada de acompanhar as partidas no estádio. Apenas a retirada do material surte efeito em algumas torcidas menores, que começam a se envolver em conflitos. Já para outras, maiores, que se já têm histórico de se envolver em problemas, é mais difícil", afirmou.

Sobre os "bondes", major Silvio Luiz admite que se trata de um trabalho árduo para evitar confrontos, mas garante que ações de inteligência, a partir da Segunda Sessão do Gepe, vêm conseguindo impedir mais atos de violência no Rio.

"Na verdade, o que a gente consegue monitorar, evitamos, mas são muitos grupos e não conseguimos sempre antecipar as ações, inclusive, porque eles sabem que são monitorados. Só que prevenção não gera número, muitas vezes, o torcedor passa por um lugar sem saber que houve uma briga evitada ali", concluiu.

Questionado sobre o pedido do Ministério Público do Rio para que os clássicos sejam disputados com torcida única, o comandante do Gepe evitou fazer comentários, afirmando que ainda precisa conhecer detalhes da Ação Civil Pública que o órgão enviou à justiça fluminense.

 

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