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As ideias de Andrés Sanches para o Corínthians

Fev 01, 2018

Por ESPN                                                               

 

Felipe Ezabella, 39, é inegavelmente um rosto jovem entre os cinco candidatos à presidência do Corinthians, cujo pleito será realizado no próximo sábado, 3 de fevereiro. Mas engana-se quem pensa que ele é um mero iniciante na política do clube.

Com doutorado em direito desportivo pela USP, Ezabella acumula no currículo corintiano a experiência de ter sido vice-presidente de esportes terrestres do clube entre outubro de 2007 e dezembro de 2009, além de conselheiro entre 2007 e 2015.

Também foi ligado a Andrés Sanchez, um dos adversários na eleição ao lado de Antonio Roque Citadini, Paulo Garcia e Romeu Tuma Júnior. E a chapa do candidato tem outros ex-integrantes do grupo “Renovação e Transparência”, ligado ao ex-presidente, como Raul Corrêa da Silva (ex-vice de finanças), Fernando Alba (ex-diretor da base), entre outros.

Conheça abaixo quem é Felipe Ezabella e o que ele propõe na primeira entrevista do especial com os candidatos à presidente do Corinthians, que tem início nesta segunda-feira.

ESPN - Por que decidiu se candidatar à presidência do Corinthians?
Felipe Ezabella -
 Depois que me formei, comprei meu título para participar da parte política do clube. Na época, queríamos derrubar o Alberto Dualib, tínhamos um pensamento de modernização, transparência. Começamos a participar da parte de gestão, acabamos conhecendo o grupo do Andrés, que nos convidou para o projeto da eleição de 2007. Entramos com diversas ações contra a gestão do Dualib. Conseguimos algum destaque, e nossa chapa acabou sendo eleita. Éramos azarões. Teve o processo de impeachment do Dualib, mas ele renunciou antes e o Andrés foi eleito. Como estava nesse grupo, ele me convidou para ser vice de esportes terrestre. Fui eleito novamente conselheiro em 2012, fui um dos mais votados para o CORI, tive convites para voltar para a diretoria, não aceitei. E, na última eleição em 2015, optei por me afastar de vez do grupo "Renovação e Transparência". Já não me identificava mais com a forma de gestão. Também não me identificava com quem era a oposição na época, então fiquei, por assim dizer, independente. Fiz esse histórico para dizer que, em julho de 2016, o Conselho Deliberativo votou novamente acabar com o sistema, a última barreira democrática para o clube, chamado "Chapão". Para quem não conhece, quem vencesse a eleição, levava todas as cadeiras do Conselho. E aí acabou tendo um novo sistema, o atual, várias chapas de 25 candidatos que vão ser eleitas. A partir desse marco, os grupos da política corintiana começaram a ter autonomia. Nosso grupo, a partir daí, voltou a se reunir, organizamos, congressos, reuniões, enfim, diversos eventos para discutir e acabamos por identificar uma vontade de o clube sair da mesmice. Existia um anseio por gente nova, transparência, governança, compliance, responsabilidade social. Existia um caminho para uma chapa para concorrer à presidência. Trabalhamos junto com a Universidade do Futebol, fizemos um projeto com mais de cem páginas e a partir daí definimos o candidato. Fizemos os funis e chegaram ao meu nome. Acabei aceitando esse desafio de ser o porta-voz desse movimento "Corinthians Grande".

ESPN - Qual sua avaliação da gestão Roberto de Andrade?
Felipe Ezabella - A gente pode separar em partes positivas e negativas. A positiva é resultado, que a grande torcida espera, no futebol. Em três anos, ganhar dois Brasileiros, você conta nas mãos quais foram os times que ganharam. Mas, mesmo dentro do futebol, a gente identifica alguns pontos que precisam ser melhores administrados. Esse é o ponto negativo da gestão do Roberto, a parte de governança, administração, gestão, transparência, dar satisfação, explicar, a parte do estádio. Ninguém sabe como está a operação. O Conselho Deliberativo do clube criou uma comissão para analisar as questões relacionadas ao estádio, e a comissão não teve acesso aos documentos. Chegaram a cogitar entrar com uma ação contra a diretoria, porque não prestou as informações. Então, essa é a parte negativa, que não conseguiu avançar, na verdade até regrediu, nas questões administrativas gerais do clube, e isso vai impactar de alguma forma no futebol. Se você não consegue administrar, gerir, você não consegue novas receitas, e aí você não consegue quitar a dívida. Você tem que vender jogador por qualquer valor.

ESPN - A transparência será a marca da sua gestão?
Felipe Ezabella -
 Transparência, com certeza, mas não vai ser a marca, porque é uma obrigação. Uma obrigação não pode ser sua marca. Mas quem quiser saber, vai ter acesso. O Conselho vai querer saber, eu prometi, vou mostrar para o grande público.

ESPN – Será, então, o compliance?
Felipe Ezabella - Compliance é a palavra bonita, da moda, mas que nada mais é do que um departamento que vá mais a fundo na análise de documentos. As pessoas falam sem conhecer. Quando o Conselho Deliberativo e Fiscal analisam a venda de um jogador, vê lá que saiu por R$ 10 milhões e entrou R$ 10 milhões, bateu, ok. O compliance vai além: quem contratou? Quem vendeu? Quem participou? Dentro de um código de ética, esse compliance dá um passo a mais. É um departamento que tem que ter. A marca da gestão vai ser, talvez, a administração mesmo, gestão, governança, organizar os departamentos, aí entra o compliance, ter transparência, gente profissional trabalhando e pensando, buscar inovação. A gente gosta do projeto de tentar montar um projeto social mais solidificado, com uma política contínua e independente de responsabilidade social, a Fundação Corinthians, criar uma OSIP, que possa ter acesso a verbas incentivadas de empresas, só para ações sociais, para que o Corinthians seja efetivamente o Time do Povo.

ESPN - Pode explicar melhor essa ideia?
Felipe Ezabella -
 O conceito veio da Universidade do Futebol, se inspiraram muito no Everton, da Inglaterra. O que eles fizeram? Na Europa, é comum que o clube e as torcidas tenham foco principal no local onde está a sede, o estádio. Então, a pessoa entrou lá no Google Earth, pegou o CT, o estádio, um raio de 5km, identificou 80, 90 áreas públicas. Identificou quase uma centena de áreas em torno dos nossos dois principais equipamentos centro de futebol e identificou que não fazemos nada lá. Serve para fazer peneiras, ações sociais, escolinhas. Você acaba desenvolvendo o que chamam de branding, o valor da nossa marca. Se é o Time do Povo, o que efetivamente faz? Isso acabava valorizando nossa marca. As empresas não compram só espaço publicitário. O Corinthians vai estar na Rede Globo todo final de semana e, se eu patrocinar o Corinthians, vou estar na Globo. As marcas não compram mais só isso, mas associação de marcas. A marca do Corinthians está ligada hoje à corrupção, confusão, bagunça ou ligada a boas práticas, boas políticas? No fim, isso acaba ajudando o marketing a encontrar pessoas dispostas a ajudar, até chegar no principal, os patrocínios às equipes.

ESPN - Abordando alguns planos de gestão, o que pensa da Arena Corinthians?
Felipe Ezabella -
 A Arena é a solução para a continuidade do clube para os próximos cem anos. Ela não tem sido solução agora por conta de questões administrativas. Tem sido solução técnica, porque jogar na Arena tem sido uma vantagem espetacular. Já ganhamos títulos, a média de público é muito maior. Mas há dois problemas que devemos atacar ao mesmo tempo: o primeiro, o nó financeiro, de empresas que são donas, administradora, dívidas com a Caixa, coisas que não foram construídas, finalizadas. Nós não queremos mais ser parceiros da Odebrecht. Tem uma carga ali muito pesada. Se bobear, este ano já vai ser eleita melhor empresa para trabalhar, tem novo CEO, os diretores não estão lá, mas não acho que é legal para o clube. Tem que arrumar outra empresa para fazer manutenção, engenharia, construir o que deixaram de construir, o que não quer dizer que vai dar calote na Odebrecht. O que não foi pago, tem que ser pago. E, com a Caixa, é negociar, alongar a dívida, para que a gente fique sempre em dia. O outro ponto que precisamos atacar é a gestão. O estádio foi construído para ser utilizado 365 dias por ano, a estrutura é para que tenha evento todos os dias e, na prática, é usado 40 dias por ano. Este ano começou o tour, mas é pouco. Tem que terminar estacionamento, usar para o dia a dia. Tendo estacionamento, vai ter fluxo de pessoas, aí consegue ter food truck, farmácia, supermercado. Tem duas, três grandes áreas para shows, médios e pequenos. Para shows grandes, teria que ser feito no gramado, sou contra perder jogos, mas se não tiver jogos, é possível ser feito. A gente tem que colocar o estádio para gerar receita.

ESPN - Naming rights são uma alternativa?
Felipe Ezabella - 
A questão dos naming rights no Brasil, e do Corinthians especificamente, é que ele foi vendido como projeto político. Foi falado que o estádio custaria R$ 820 milhões, eram R$ 420 milhões dos CIDs, R$ 400 milhões dos naming rights. Todo mundo acreditou, sem nenhum embasamento técnico ou estudo de mercado. Isso não quer dizer que não possa aparecer uma empresa aí e pagar esses R$ 400 milhões. Mas, hoje, como está o clube, quem vai se associar com o clube por 20 anos comprando uma propriedade que temos pouquíssimos exemplos, talvez nenhum, de sucesso? É muito difícil. Nós fizemos estudos, pode ter um pouco de palpite, até faz parte, mas temos que ter estudos. É uma propriedade muito difícil de ser vendida, mas não impossível, nós achamos que é possível, mas não por esses valores. Se a gente tiver, no desenrolar da gestão, uma proposta de um valor inferior, nós vamos pensar muito, levar para os órgãos para debater.

ESPN - Qual sua avaliação sobre a Omni (administradora do programa Fiel Torcedor)?
Felipe Ezabella -
 É um contrato que já foi mexido, renovado, auditado, várias vezes. Vai ser sentar, escancará-lo e discutir abertamente que a balança comercial desse contrato está desfavorável para o clube. É mentira quando falam que a empresa recebe valores altos, mas arca com todos os custos. É mentira. Todo aquele custo de dia de jogo é reembolsado. É sentar com os representantes da empresa, o contrato vence em 2019, ter negociação séria, mostrar os dados. Eles também devem ter e ajustar. Se não for possível, é rescindir, não renovar, enfim. Tem uma série de empresas que fazem esse serviço, não vai faltar empresas para isso.

ESPN - Quais os planos para o Parque São Jorge?
Felipe Ezabella - 
Temos dois pontos lá. Os esportes amadores ou olímpicos e o clube associativo, a pessoa que vai lá, faz um churrasco, quer se divertir. Duas coisas diferentes. Em relação ao clube, a gente identifica que ele é deficitário. Ele necessita de diversas melhorias, de coisas básicas de zeladoria, manutenção em geral, como muitos departamentos que tem anseios de novas obras. Vamos identificar, não prometemos obras, até porque o orçamento está sendo executado, aos poucos, vamos identificando. Com relação aos esportes olímpicos ou amadores, a gente identifica o seguinte: futsal tem que ter, tem que investir independente de patrocínios, pelo aspecto formador. Forma atletas para o futebol de campo. Nosso time sempre tem sido competitivo, sempre nas finais, com jogadores formados em casa, um trabalho muito legal de formação. Em relação ao remo e outros esporte, a gente tem que utilizar muito mais do que fazemos verbas incentivadas. Pinheiros, Minas, Flamengo, por exemplo, utilizam muito. Nós levantamos alguns valores, mas ainda pouco. É uma área que queremos desenvolver bastante. Outros esportes, vai depender de aporte financeiro. Sou contra parcerias de apenas dar uniforme, como foi agora o basquete em Americana. O vôlei em Guarulhos é uma iniciativa legal e agora acabou de montar o basquete, meio que de última hora, era um sonho voltar.

ESPN - E o espaço do estádio dentro do Parque São Jorge?
Felipe Ezabella - O estádio está sendo usado hoje pela base. O que a gente promete, e todos prometem, porque é necessário, é terminar de vez o CT da base. Se não tiver problema de ordem maior, queremos terminar de construir que nem foi no principal para tirar do Parque São Jorge. A gente acredita que vai ser muito bom para a base ter seu núcleo fixado, próximo ao profissional. Vamos ter um ganho tanto a questões de escândalo, de empresários, como técnico. E, na Fazendinha, a partir do momento que parar de jogar lá, é sentar, desenvolver um estudo para ver o que é mais factível de fazer lá. Não vamos chutar. Temos nos pautado por propostas baseadas em estudos e ali vamos sentar e ver o que é melhor. Temos que sentar desenvolver junto com o associado e Conselho Deliberativo.

ESPN – Como equacionar a parte financeira do clube?
Felipe Ezabella - Nunca foi fácil a parte financeira do clube, não teve nenhum período que falamos que era fácil. Mesmo quando a receita bateu R$ 400, R$ 500 milhões em 2012, contratou um monte de jogador à vista, não era fácil. Adiantou um monte de dinheiro da Globo, podia adiantar o quanto quisesse. Fácil nunca foi. Botar em ordem é trabalho. Identificamos coisas que são factíveis ser feitas em um primeiro momento, para se apropriar de dinheiro, para não ficar refém de terceiros, empresários. Mas no primeiro, segundo ano, não tem jeito. Venda de jogador vai ser carro-chefe, Rede Globo, eventual adiantamento dentro do limite. Talvez vai ser necessário para não ficar sufocado. Mas o segredo nesses três anos é arrumar soluções financeiras para que os próximos não precisem disso. Que o próximo presidente olhe e fala: isto está bem melhor, não vou vender esse jogador, só se for uma proposta muito grande para um grande clube da Europa. Com compliance, a gente acredita que as empresas vão voltar a olhar para o clube. Um departamento comercial muito ativo. Hoje, o departamento está muito fragilizado.

ESPN – E o futebol?
Felipe Ezabella -
 Sem time competitivo, tudo naufraga. Não vai público no estádio, vende menos camiseta, tudo naufraga. É preferível, se for o caso, se endividar em um primeiro momento para ter time competitivo, grande jogador, time forte, que as pessoas fiquem empolgadas, vão atrás de produto, chame atenção da mídia, para que o marketing consiga trabalhar e vender. Se você tem um time fraco, que só perde, você vai vender camisa, vender patrocínio para quem? É tipo bicicleta: tem que pedalar para não cair. Tem que estar sempre criando, trazendo novidades, tendo time forte, para fazer os outros departamentos trabalharem. É possível. O que a gente sabe da dívida hoje é falta de desempenho de receitas. Se for ver, muito provavelmente, o balanço de 31 de dezembro, que a gente não viu, o Roberto vai entregar o clube com a dívida muito próxima, um pouco menos ou um pouco mais. Praticamente estabilizada. O que não performou foram receitas. O que foi um erro foi naquela janela que foi todo mundo vendido, o clube se apressou para repor, gastou tudo que recebeu com jogadores que não performaram. Invés de investir, pagar as dívidas mais altas, segurar o dinheiro, saiu contratando, preço alto, e os jogadores não deram certo. Sem entrar em nomes, são ativos nossos, mas a regra geral foi essa.

ESPN - Uma das suas ideias é ter um time B. É viável?
Felipe Ezabella - 
Um time B é viável, projeto de médio e longo prazo. Você vai iniciar ele na Copa Paulista, pegar jogadores da Taça São Paulo que vão estourar a idade, ficam naquele limbo, que só vai completar treino, louco para ser emprestado. Você tem que ter contrato com esse cara, se não vai embora, vai estourar em outro lugar, vira um Everton Ribeiro, que aconteceu, e o clube acaba perdendo. No time B, inspirado em Portugal e Espanha, vamos botar esses mais jovens. O Lucca não jogaria Copa Paulista. Mas, ganhando, vai jogar Série D. Ganha, vai para a C. E aí vai para B, esses jogadores já dá para jogar. Imagina, teria Corinthians x Internacional jogando em Itaquera. Esses jogadores estão dentro da mesma mentalidade de jogo, mesma torcida. Precisa de um jogador? Vai estar lá. O Loss, assistente do Carille, ficou um tempo no Bragantino, poderia ser técnico um ano no time B. O próprio Carille, nove anos como auxiliar, poderia ter feito um estágio antes do profissional. São vários conceitos.

ESPN - O que acha de clássico com torcida única?
Felipe Ezabella - 
Não concordo. Quem viveu o futebol de ver as torcidas, ver a festa, não concorda. A gente entende que a violência é importante. Não tem mais como fazer meio a meio, mas mesmo assim é melhor que tenha sempre torcidas das duas equipes. Defendo visitante, as duas torcidas. Que o poder público cumpra seu papel, dar segurança, fiscalizar. Os problemas não são no estádio, são no trajeto, no metrô, às vezes o clube não está nem jogando. Com câmeras, você identifica todo mundo no estádio, não é de hoje. Também defendo muito a festa, bandeira, bebida alcoólica, é uma hipocrisia muito grande poder ter no jogo da seleção e no do Corinthians não pode.

ESPN - Como será a relação com as torcidas organizadas? 
Felipe Ezabella - Penso que tem que ser transparente, sem privilégio, institucional. Vamos conversar com todos. O conselheiro vai lá, chega no presidente, põe o dedo na cara, fala que o jogador é ruim, xinga jogador. O torcedor organizado acaba sendo mais um nesse cenário. Temos que conversar com todos. No caso da organizada, de forma institucional, transparente, sem esconder de ninguém, e conversar sempre para que não haja privilégios de ninguém.

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