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Os torcedores do menor país da Europa

Jun 15, 2016

Por ESPN                                                        

 

 

A Islândia é um país minúsculo, de apenas 103 mil km² (é o 10º menor da Europa), com somente 332.529 habitantes, segundo sua última estimativa. Uma ilha completamente isolada do restante do "Velho Continente", mais perto da Groelândia que de qualquer outro lugar. Não tem um exército, não tem grande variedade econômica, nem abundância de recursos naturais. Também não tinha nenhum motivo para ser uma potência no futebol. Não é, e talvez nunca seja. Mas a verdade é que, em 2016, a Islândia está disputando pela primeira vez a Eurocopa. E, sem seu jogo de estreia, arrancou um empate por 1 a 1 com Portugal, do astro Cristiano Ronaldo.

O fato é um só: a galera está adorando.

Havia cerca de 7 mil islandeses no estádio Geoffroy Guichard, em Saint-Étienne, na última terça-feira. Ou seja: 2% do país estava lá, ao lado de seus heróis, gritando como loucos, enquanto os mais de 30 mil lusos assistiam incrédulos àqueles "vikings" deixarem seu melhor jogador passando em branco na partida.

Em muitos momentos, num silêncio sepulcral, enquanto os habitantes da pequena ilha, o menor país de todos que estão na Eurocopa, bradavam forte: "Island, Island, Island", batendo palmas, batendo os pés, pulando e berrando.

Nos últimos anos, o sucesso da atual geração de jogadores islandeses, que quase levou o país à última Copa do Mundo e agora conseguiu a classificação para a Euro, mudou o futebol de patamar em uma nação onde o handebol e a equitação são os esportes favoritos de muitos.

Tanto é que, quando a Islândia carimbou seu passaporte para disputar o torneio na França, milhares não hesitaram em comprar passagens de avião para ver a história sendo feita ao vivo e in loco.

É o caso, por exemplo, de Heida, mãe apaixonada por futebol, e seus três filhos: Thordis, Sigga e Mummi - o marido teve que ficar em casa, trabalhando. Com os rostos pintados, eles tiravam fotos e registravam noSnapchat todos os momentos antes da bola rolar em Saint-Étienne.

"É algo histórico para nós. No dia em que a Islândia se classificou, perguntei aos meus filhos se eles gostariam de ir à França e eles toparam na hora. Vamos assistir os três jogos da fase de grupos, e quem sabe o que vai acontecer depois...", disse Heida.

Para os islandeses, aliás, é "moleza" ir à França, apesar dos 2.446 km que separam as nações. A família, por exemplo, pagou 300 euros (R$ 1,1 mil) por bilhetes de ida e volta para a Euro. Segundo eles mesmos, "estava barato demais". Os custos da estadia na França também são leves: "Com o preço de uma refeição para quatro aqui, comemos só dois na Islândia", conta.

A valorização da coroa islandesa frente ao euro, aliás, já deixa a turma assanhada pensando nas compras que farão em Paris, no próximo dia 22, quando a Islândia enfrentará a Áustria, no Stade de France.

"É claro que vamos conhecer as lojas da Champs-Élysées", planeja Thordis, a mais nova do trio, de 16 anos. "Quero comprar uma bolsa na Louis Vuitton", planeja.

No estádio, também estavam a fim de torrar. Na loja oficial da Uefa, por exemplo, as camisas da seleção (85 euros, ou R$ 330) e os cachecóis (20 euros, ou R$ 78) se esgotaram em questão de minutos após a abertura dos portões.

Os islandeses têm uma cultura única, da qual se orgulham muito. A culinária é um dos principais objetos de culto, com muitos pratos típicos envolvendo carneiro e laticínios, mas principalmente peixes, já que o Atlântico Norte é extremamente piscoso.

Por lá, comem-se pescados fortes, como o arenque, o halibute e o hadoque, além dohákarl (carne de tubarão). Bem diferente do que eles estão experimentando na França, onde os sabores são mais suaves, incrementados pelas ervas aromáticas.

"Os pescados deles são bons, sim, mas os nossos são muito melhores, não tem nem como comparar", ressalta Heida, acompanhada por seus filhos.

"Ela cozinha muito bem", atesta Sigga.

Os torcedores da Islândia, aliás, gostam mesmo de estar em família, fugindo um pouco do perfil do torcedor da Euro, que vai em grupos de amigos. No estádio Geoffroy Guichard, havia muitos casais com filhos pequenos, até mesmo bebês. Caso da família Thoroddsen, que veio em oito membros para acompanhar a Euro, incluindo o pequeno Hafdis, de apenas 11 meses, mas já vestindo com orgulho uma camisa da equipe.

"Está sendo maravilhoso aqui na França, uma grande experiência. Esperamos que o Hafdis se apaixone pelo futebol como nós nos apaixonamos", ressalta Haukur, o pai.

Dentro e fora dos estádios, aliás, o comportamento dos islandeses é mais do que exemplar. Recolhem o lixo, dão prioridade aos idosos e cadeirantes, não furam fila e esbanjam sorrisos e alegria com suas peles pálidas, cabelos loiros e olhos azuis - é raro ver um habitante da ilha que não se encaixe nessa característica.

Quando sentam nas arquibancadas, no entanto, transformam-se. No bom sentido, é claro. Cantam alto, todos juntos, abraçados, como quando, antes da bola rolar, o som do estádio tocou uma música tradicional do país. Com as mãos nos ombros uns dos outros, balançaram para lá e para cá, cantando a canção completamente ininteligível.

Batem palmas, muitas palmas, e incentivam os jogadores do começo ao fim. E os atletas sentiram isso em campo, buscando o empate por 1 a 1 depois de Nani ter aberto o placar no primeiro tempo. Bjarnason, aos 5 da segunda etapa, eternizou seu nome na história da Islândia ao marcar, meio de tornozelo, o primeiro gol do país na Euro.

"Nossos torcedores foram fantásticos, inacreditáveis. Foi como se estivessemos jogando em casa. Quando os jogadores se cansaram, os torcedores continuaram cantando, cantando e os carregaram nos braços até o apito final", elogiou Heimir Hallgrimsson, um dos dois treinadores da seleção islandesa, ao lado do experiente sueco Lars Lagerback.

Assim que o árbitro turco Cuneyt Cakir apitou o fim do jogo, os vikings celebraram como se tivessem vencido - atitude que foi criticada por Cristiano Ronaldo. Enquanto os portugueses caminhavam timidamente para os vestiários, procurando as desculpas que iam dar à imprensa, os jogadores ficaram 10 minutos no gramado só cantando e festejando com seus torcedores.

Seus 7 mil guerreiros.

O 2% da Islândia que viajou para acompanhar seu momento histórico.

E, se depender da força desses "dóceis guerreiros" e seus destemidos jogadores, a pequena ilha de 320 mil habitantes, nos confins do Atlântico, quase no Polo Norte, ainda vai escrever muita história nesta Eurocopa de 2016...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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