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Europa recua pelo temor de segunda onda do contágio

Jul 26, 2020

Por Guilhermo Altares, no El País                                                                                                        

 

Foto: Philippe Lopez/AFP

A Europa tentou manter durante o maior tempo possível a ficção de que se poderia viver um verão relativamente normal, entre outras coisas para dar um balão de oxigênio aos machucados setores turísticos e de lazer. Mas a multiplicação de casos está tendo como consequência que cada vez mais países adotem – e estudem – medidas para sua população, mas também para os que vêm de fora. E a Espanha é, por enquanto, um dos países mais afetados. A Noruega impôs desde sábado uma quarentena de 10 dias aos que chegam da Espanha, enquanto a França pediu à sua população que evite ir à Catalunha.

 
Além de reforços nas fronteiras internas da UE e na zona Schengen, como no caso da Noruega, diversos países estão tomando medidas para aumentar o uso de máscaras no espaço público, como a França e o Reino Unido, e decretaram uma parada súbita da desescalada como a Bélgica, onde o número de infecções subiu 89%. Todos os países lidam com os mesmos dilemas: como manter ativa a economia, salvar o que se pode da cambaleante temporada do verão e permitir o funcionamento da agricultura, que precisa de muita mão de obra estrangeira, sem que exploda novamente a transmissão comunitária. O medo é que dos surtos mais ou menos localizados se passe à circulação descontrolada do vírus e à temida segunda onda, impulsionada pelas atividades de verão e agrícolas.

Poucas imagens resumem com tanta contundência o paulatino aumento da prudência na maioria dos países europeus como a decisão da região francesa de Nova Aquitânia (sudoeste do país) de estabelecer em uma localidade turística dois centros de testes de Covid-19, para fazer testes PCR (o mais sofisticado) gratuitos a todos que solicitarem com resultados em 24 horas. Os dois estão na região de Arcachon: um, na praia e o outro, na estação de trem. A medida é consequência direta do que as autoridades regionais consideram “uma evolução preocupante da pandemia”, com 13 novos surtos atualmente ativos contra somente 3 em 10 de julho.

O porta-voz do Governo francês, Gabriel Attal, disse à rede de televisão France 3 na quinta-feira após visitar a tenda de praia na qual são feitos os testes: “Agora estamos desenvolvendo uma política que consiste em levar os testes aos franceses e principalmente aos turistas de verão, perto das praias e das estações”. O ministro da Saúde, Olivier Véran, pediu aos laboratórios que se mobilizem para aumentar a capacidade de fazer testes, enquanto o Governo, com o apoio do setor de distribuição alimentar, transformou em obrigatório o uso de máscaras em qualquer espaço fechado a partir de segunda. Desde sexta, além disso, os viajantes provenientes de 16 países considerados de risco, os Estados Unidos e a Índia entre eles, serão submetidos a testes PCR nos aeroportos.

Vários diretores de agências turísticas costeiras disseram ao jornal Le Monde que recebem cada vez mais ligações de visitantes estrangeiros que perguntam se é seguro passar as férias no litoral francês. A dúvida está em se encontrar uma tenda de testes de coronavírus entre os guarda-sóis e as barraquinhas de sorvete serve para tranquilizar ou, pelo contrário, dá a sensação de que a situação é cada vez mais preocupante. Na quinta-feira os casos na França superaram os mil nas últimas 24 horas.

A Alemanha, um dos países da União Europeia que melhor se defendeu contra o coronavírus, tomou na sexta-feira uma medida semelhante à francesa: oferecer testes gratuitos em seus aeroportos às pessoas que vêm de países considerados áreas de risco, 130, nenhum deles da zona Schengen, para evitar uma quarentena obrigatória de 14 dias. A medida foi aprovada pelos secretários da Saúde dos 16 Estados federados junto com o ministro federal, Jens Spahn. Os passageiros procedentes de outras regiões também poderão realizar um teste gratuito, ainda que não imediatamente no aeroporto, em um prazo de 72 horas.

“Na Alemanha conseguimos manter números baixos, mas estamos em tempo de viagens, nossos compatriotas se movem pelo estrangeiro e o risco de introduzir infecções é muito alto”, disse a responsável de Saúde em Berlim, Dilek Kalayci, ao falar sobre o acordo. O Instituto Robert Koch qualificou como áreas de risco um total de 130 países e regiões de alta incidência de contágios, entre eles os Estados Unidos, Israel e África do Sul.

O Reino Unido também começou a tomar medidas diante do que considera um preocupante aumento dos casos. O Escritório Nacional de Estatística calcula que na última semana o número de infectados diários pela covid-19 aumentou de 1.700 para 2.800 aproximadamente. Por enquanto, após duas semanas de confusão nas mensagens vindas do Governo, Downing Street impôs na sexta-feira a obrigatoriedade de uso de máscaras em comércios, supermercados, bancos, correios e terminais de ônibus. Igualmente, seu uso será obrigatório em restaurantes para retirar refeições, ainda que em suas mesas não será preciso usá-las. As multas por infração poderão ser de até 110 euros (665 reais).

O Governo do Reino Unido combina por esses dias uma estratégia de desescalada com restrições concretas em surtos localizados. Academias e piscinas poderão por fim abrir suas portas no sábado, mas em localidades como Blackburn, Darwen, Luton e Leicester, onde se detectaram aumentos de infectados superiores à média, deverão manter as medidas de contenção. O Executivo de Boris Johnson outorgou poderes especiais às autoridades locais para ordenar fechamentos de estabelecimentos e confinamentos de regiões geográficas imediatamente.

Ainda que na Itália a situação esteja bem controlada – 259 contágios foram informados na sexta-feira –, o Governo começou a tomar medidas de confinamento após vários casos importados e impôs quarentenas aos viajantes que venham da Romênia e Bulgária, países membros da UE. “O vírus não foi derrotado e continua circulando. Esse é o motivo pelo qual precisamos continuar sendo prudentes”, afirmou no Facebook o ministro italiano da Saúde, Roberto Speranza. É uma frase que pode ser aplicada ao restante dos países europeus.

 

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