Foto: Galil Tibbon/Reuters
Um inquérito das Nações Unidas concluiu que a guerra de Israel em Gaza constitui genocídio, um marco significativo após quase dois anos de conflito. De acordo com a presidente da Comissão Internacional Independente de Inquérito da ONU sobre os Territórios Palestinos Ocupados, Navi Pillay, o “Estado de Israel é considerado responsável e cometeu genocídio”.
“Identificamos o presidente, Isaac Herzog; o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu; e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, com base em suas declarações e nas ordens que emitiram. Como esses três indivíduos eram agentes do Estado, perante a lei, o Estado é considerado responsável. Portanto, afirmamos que foi o Estado de Israel que cometeu genocídio”, declarou Pillay à emissora catariana Al Jazeera nesta terça-feira (16/09).
Conforme o relatório, a comissão descobriu que, somadas às declarações proferidas pelas autoridades israelenses, havia “evidências circunstanciais” que levaram à conclusão de intenção genocida. “A Comissão conclui que as autoridades e as forças de segurança israelenses têm a intenção genocida de destruir, no todo ou em parte, os palestinos na Faixa de Gaza”, finaliza o documento.
Os investigadores da ONU também citaram exemplos da escala dos assassinatos, bloqueios de ajuda humanitária, deslocamento forçado e destruição de uma clínica de fertilidade para fundamentar a conclusão de genocídio.
Como evidência, foram citados depoimentos de vítimas, testemunhas, profissionais de saúde, documentos de código aberto verificados e análises de imagens de satélite compiladas desde o início do conflito, há dois anos.
Entretanto, o Ministério das Relações Exteriores de Israel criticou as conclusões do inquérito, classificando-as como “falsas”. “O relatório baseia-se inteiramente em falsidades do Hamas, lavadas e repetidas por outros”, afirmou a pasta. “Israel rejeita categoricamente este relatório distorcido e falso e pede a abolição imediata desta Comissão de Inquérito”, alegou em uma publicação no X.
O representante permanente de Israel na ONU, Daniel Meron, também condenou as conclusões, referindo-se a elas como “escandalosas”, “falsas” e um “discurso difamatório”.
O governo de Netanyahu igualmente negou a acusação de genocídio, que também está sob análise pela Corte Internacional de Justiça. O premiê intensificou ainda mais o conflito ao ordenar uma ofensiva na Cidade de Gaza na manhã desta terça (16), onde pelo menos 68 palestinos morreram.