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Hermanos param Argentina e mostram o caminho

Abr 06, 2017

Por Bepe Damasco                                                                                                 

 

Buenos Aires, Córdoba, Rosário e todas as grandes cidades argentinas vivem nesta quinta-feira, 6 de abril, um clima de feriado. A greve geral no país platino é um sucesso. O "paro general", em língua espanhola, se alastrou até mesmo por municípios remotos de todas as províncias. 

Não funcionam trens, metrôs, ônibus, escolas e universidades, bancos e os voos comerciais. É grande também a adesão entre servidores públicos de todas as esferas de poder. Acuado, o presidente Maurício Macri apelou para a repressão.

Com gás de pimenta, gás lacrimogênio, jatos d'água e porrada a granel as forças de segurança tentam dissolver os piquetes de trabalhadores que interditam a Rodovia Pan-Americana, uma das principais da capital. 

Escrevo ainda na manhã do dia da greve, sem tempo ainda para um balanço mais detalhado do movimento. Contudo, já dá para adiantar que seu êxito é inegável. Os principais dirigentes da CGT e demais centrais sindicais que organizaram o movimento, em entrevista, comemoram a paralisação e já falam dos próximos passos da luta.

Ressalvada a diferença de que Macri chegou à presidência pelo voto direito dos argentinos, vencendo a eleição por estreitíssima margem contra o candidato kirchnerista Daniel Scioli, enquanto Temer se beneficiou de um golpe de estado para roubar a cadeira presidencial, os dois parecem irmãos siameses no que se refere à implantação de um ultraliberalismo tardio, regressivo socialmente ao extremo, entreguista e submisso aos interesses dos EUA.

Lá como cá a pobreza aumenta de forma vertiginosa. Na Argentina já atinge 32% da população. 6,3% dos argentinos são considerados indigentes.

Lá como cá o poder de compra dos salários não para de cair. No Brasil, nos últimos 12 meses, a média salarial sofreu queda de 10%.

Lá como cá a recessão paralisa a economista e fecha postos de trabalho. O PIB brasileiro recuou 3,5% em 2016, e o argentino 2,5%.

Lá como cá o desemprego castiga a classe trabalhadora. Segundo o IBGE, 13 milhões e 500 mil trabalhadores estão desempregados no Brasil. No pais vizinho, o índice atinge 9,3% da população economicamente ativa. O último levantamento feito no governo de Cristina Kirchner situava a taxa de desocupação em 5,9%.

Lá como cá está em curso um processo lesa-pátria de desnacionalização da economia. O presidente da Petrobras, Pedro Parente, promove um feirão de ativos e viola a soberania entregando as riquezas do pré-sal aos estrangeiros. Já o ministro da Fazenda de Macri, Alfonso Prat-Gay, pede desculpas aos capitalistas pelos "últimos anos" e ajoelha no milho para se penitenciar pela estatização da petroleira YFP, em 2012, antes controlada pela espanhola Repsol.

Lá como cá o sistema de justiça persegue ex-presidentes pelo mesmo motivo. A caçada que Lula enfrenta no Brasil está diretamente relacionada à certeza da Casa Grande de que no voto o ex-presidente é imbatível, como demonstram as pesquisas. E bastou saírem as primeiras sondagens sobre a sucessão de Macri apontando o favoritismo de Cristina, para providenciarem um processo por corrupção contra ela.

Que a greve geral argentina sirva de inspiração para os brasileiros. Greve geral nos golpistas ! Fora Temer !

 

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