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As lições do chavismo à esquerda brasileira

Nov 07, 2017

Por Bepe Damasco                                                                            

 

Ora, ora, vejam só, a crise na Venezuela praticamente desapareceu dos noticiários da mídia monopolista do Brasil. Como num passe de mágica deixaram de ocupar as manchetes as gôndolas vazias de supermercados, os confrontos de rua, “a brutal repressão chavista”, a queda iminente de um governo “rejeitado internamente e isolado internacionalmente.”

Por trás desse sumiço está o erro de cálculo cometido pelos formuladores e operadores do cerco golpista e sabotador ao governo do presidente Maduro : o menosprezo aos anos a fio dedicados pela revolução bolivariana à formação e conscientização política do povo. Essa política deixou um saldo organizativo de dezenas de milhares de comitês revolucionários em bairros, escolas e fábricas.

Isso sem contar com as milícias populares armadas, integradas por cerca de 500 mil venezuelanos, e as forças armadas regulares, que vêm dando seguidas demonstrações de fidelidade à Constituição e à legalidade democrática.

Esse acúmulo de iniciativas exitosas criou as condições para que, no auge da crise, Maduro lançasse mão da convocação constitucional de uma Assembleia Nacional Constituinte, para redesenhar institucionalmente o país. A gritaria da direita venezuelana e continental não foi capaz de impedir a eleição e a posse dos constituintes. Na sequência, os chavistas venceram as eleições para os governos de 18 das 23 regiões.

É evidente que seria uma estultice ignorar a realidade como a medida de todas as coisas e preconizar a transposição do modelo de ação política da esquerda venezuelana para o Brasil. Cada país constrói seu caminho de lutas e transformações a partir de sua história, sua cultura, suas condições objetivas e subjetivas.

Feita a ressalva, vou direto ao ponto: os instrumentos de poder ao alcance dos governantes de esquerda devem ser usados em defesa dos direitos do povo e das riquezas estratégicas do país. Um rápido olhar retrospectivo sobre a inapetência dos governos de Dilma, especialmente, mas também de Lula, na utilização desses instrumentos, mostra como foi letal para o Brasil o republicanismo ingênuo, e até suicida, dos governos petistas.

Enquanto na Venezuela os comandantes militares ocupam com frequência cadeias de rádio e televisão para renovar o compromisso com a democracia e repelir as conspirações contra a Constituição, nos governos de Lula e Dilma nem sequer foi tentada uma aproximação política com um mínimo de consistência com as forças armadas, ou com setores delas, visando a construção de um anteparo a ataques à ordem constitucional.

As nomeações para a Corte Suprema venezuelana são pautadas por critérios que combinam competência técnico-jurídica com afinidade político-ideológica. É assim na Venezuela, nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, deu-se o contrário. Para posar olimpicamente como estadistas, os mandatários petistas nomearam uma penca de conservadores de baixa extração. O resultado seria trágico: além de atuar como braço do golpe de estado, o STF hoje cobre a nação de vergonha.

A mesma bobagem se deu nas nomeações dos procuradores-gerais da República, quando Lula e Dilma abdicaram da prerrogativa do poder Executivo de nomear o chefe do Ministério Público, optando pelo mais votado nas listas tríplices do MP. Desnecessário dizer o quanto essas reverências descabidas à lógica oportunista da corporação custaram caro ao Estado Democrático de Direito.

Duvido que na Venezuela os governos chavistas engordem a mídia golpista com montanhas de dinheiro de publicidade como aconteceu aqui. As consequências do erro estratégico de renunciar aos instrumentos de poder a cada dia se tornam mais dramáticas diante da voracidade com a qual a Casa Grande do nosso país avança sobre os direitos do povo e o patrimônio público.

Claro que agora a Inês é morta, mas que sirva de aprendizado para quando a esquerda voltar ao governo da República. Algumas ações de resistência por parte de Dilma e do PT podiam não ter o condão de mudar o rumo dos acontecimentos, mas teriam força simbólica didática e relevância histórica. Exemplos: 1) Dilma podia ter defendido a prisão de Moro depois da divulgação do grampo criminoso de conversas suas com Lula; 2) A ida ao Senado para defender-se acabou ajudando na legitimação do processo golpista; 3) E se ela só saísse do Palácio à força, arrastada pelo Exército? Já imaginou o impacto dessa cena e no seu potencial como elemento de mobilização e resistência ao golpe?

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