Resultado do poder do monopólio da mídia de produzir imbecilizados em série, o comportamento da grande maioria das pessoas durante o debate sobre a nova lei trabalhista oscilava entre a indiferença e a convicção de que aquelas mudanças não atingiriam suas vidas.
Embora todas as pesquisas registrassem uma forte desaprovação ao projeto de reforma do governo golpista, essa rejeição esteve longe de se traduzir no apoio necessário às mobilizações e protestos convocados pelas centrais sindicais e movimentos sociais.
Não era incomum inclusive ouvir gente repetindo o mantra conservador, cretino e mentiroso, segundo o qual a “Justiça do Trabalho era parcial e beneficiava demais o trabalhador, punindo os empregadores.”
Sem falar em quem acreditou nas bobagens do mercado e de seus porta-vozes na mídia, prontos a proclamar o corte de direitos como a panaceia para a geração de emprego.
Caso a nossa imprensa tivesse algum compromisso com a pluralidade democrática de visões e opiniões, essas pregações da elite da rapina, como diz o professor Jessé Souza, seriam confrontadas por um argumento demolidor: no período de 2003 a 2014 , foram criados 22 milhões de empregos formais.
Enquanto a classe trabalhadora, com exceção de seu setores de vanguarda, se mostrava anestesiada e vivendo uma espécie de torpor, mais de cem artigos da CLT viravam pó.
O texto final aprovado pelo Congresso Nacional, e sancionado pelo golpista que ocupa o Palácio do Planalto, a lei 13.467/2017, além de desamparar os trabalhadores e proteger os donos do capital, traz um sem número de inconstitucionalidades e artigos que violam tratados e convenções internacionais dos quais o Brasil é signatário.
O intervalo de 120 dias entre a aprovação da lei e sua entrada em vigor contribuiu para reforçar a alienação generalizada em relação ao que estava por vir. Mas 11 de novembro chegou, e logo surgiram as notícias de empresas anunciando contratação por meio de trabalho intermitente, pagando R$ 4 por hora, e demitindo para contratar através das várias formas precarizadas de contrato previstas pela nova lei.
Imagina a elite mais mesquinha do planeta, que tem no ódio devotado aos pobres seu traço mais marcante, brindada por uma lei feita sob medida para ampliar sua margem de lucro?
As 450 demissões de professores da Universidade Estácio de Sá no estado do Rio de Janeiro ( em todo o país foram 1.200 demitidos) e as várias redes de varejo que já estão impondo a jornada 12x36, com redução salarial, são só o começo. Em 2018, a superexploração do trabalho não poupará praticamente nenhum ramo de atividade econômica.
Quando defendem uma reforma da Previdência para obrigar homens e mulheres a trabalhar até morrer a Globo e o mercado financeiro escondem o essencial: as novas regras trabalhistas, na medida em que provocam um empobrecimento generalizado, com a consequente redução das contribuições previdenciárias , quebrarão a Previdência Social.
José Dari Krein, professor do Instituto de Economia da Unicamp e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit), foi preciso em seu diagnóstico sobre a reforma trabalhista publicado por CartaCapital : “Trata-se de um grupo de regras que tem pura e exclusivamente o objetivo de atender às necessidades empresariais de remanejar a força de trabalho no curto prazo. Isso ignora qualquer perspectiva de construção de uma sociedade civilizada e decente.”