Esta semana mais uma notícia capaz de chocar integrantes de judiciários ao redor do mundo que se sustentam nos pilares da imparcialidade, da impessoalidade e do distanciamento dos magistrados das querelas político-partidárias: o desembargador Thompson Flores está deixando a presidência do TRF-4 e fará parte da 8ª Turma, a que julga processos da Lava Jato na 2ª instância.Caberá a essa turma julgar o recurso de Lula relativo à condenação no processo do sítio de Atibaia.
Cabe lembrar que partiu de Thompson Flores o elogio rasgado à sentença de Moro condenando Lula no caso do triplex do Guarujá, quando tocava ao TRF-4, à época presidido por ele, a apreciação do recurso apresentado pela defesa do ex-presidente. Meses depois, em julho de 2018, o desembargador liderou o verdadeiro motim contra a Constituição da República para manter Lula preso.
Teria, portanto, que se declarar impedido de participar do julgamento. Não só não o fará, como já é possível antecipar seu voto pela confirmação da condenação de Lula. Seus dois colegas de turma certamente adotarão posicionamento idêntico. Duvido que tenha êxito a tentativa da defesa de declará-lo impedido, alegando a militância anti-Lula do desembargador, pois seus pares estão no mesmo barco.
Precisamos ter claro, no entanto, que Thompson Flores, Sérgio Moro (o inquisidor-mor), Marcelo Bretas, Gabriela Hardt (a juíza CTLR C + CTLR V), Dallagnol, et caterva, estão longe de serem exemplos isolados de altos servidores do Estado que traem o compromisso público e republicano em nome de suas opções políticas.
O buraco é mais embaixo, eu diria bem mais embaixo. Chega a ser risível o argumento de que, apesar de tudo, as instituições estão funcionando. Não. O sistema criminal de justiça do país, com as exceções que confirmam a regra, foi engolfado pela grande causa da burguesia nacional e estrangeira, gestada pelo Departamento de Justiça dos EUA , que é banir Lula para sempre do cenário político, abrindo caminho para a liquidação total dos direitos e a entrega das riquezas do país.
As tais instituições do país apodreceram. Urge enfrentar esta dura realidade. Personificar, por exemplo, a sórdida caçada a Lula como se ela fosse obra apenas de Moro e dos procuradores da República de Curitiba é um equívoco.
A campanha pela liberdade de Lula tem crescido depois que ganhou organicidade, ampliando sua capilaridade nos estados e alcançando outro patamar no que se refere à iniciativa política e à capacidade de mobilização. Falta agora calibrar a pontaria em direção ao alvo certo : as instituições em estado avançado de decomposição.
Lula Livre!