Já está ficando feio e constrangedor. Fora as notas de repúdio protocolares das entidades de classe e os textos de protesto das associações patronais, o que têm feito os jornalistas para reagir à altura às agressões verbais diárias de Bolsonaro, no circo montado em frente ao Palácio da Alvorada? A resposta é nada.
O ideal seria que as próprias empresas jornalísticas poupassem seus profissionais das sucessivas humilhações e deixassem de pautar a cobertura da saída do presidente de sua residência.
Mas aí seria pedir demais para os barões da mídia que, mesmo tratados aos pontapés pelo psicopata que ocupa a cadeira presidencial, apoiam cegamente a política econômica ultraneoliberal do governo e cobiçam suas polpudas verbas publicitárias.
Então, só resta aos profissionais “pegar o boi pelo chifre”, para afirmar sua dignidade profissional e exigir que sejam respeitados como cidadãos Não se trata de dar conselhos à gente adulta, mas um movimento coletivo de boicote por parte dos profissionais de comunicação ao circo montado por Bolsonaro certamente contaria com forte apoio na sociedade. Isso reduziria o risco de retaliação patronal.
Já passou da hora de deixar Bolsonaro falando sozinho. O palanque no qual ele protagoniza suas palhaçadas, destila ódio e ofende jornalistas só existe devido à presença da imprensa. Se não fosse a cobertura de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas, o gado bolsonarista comprado se dispersaria, o próprio Bolsonaro perderia a motivação e o circo desabaria.
Até quando os jornalistas aceitarão a humilhação que lhes é imposta dia sim, outro também? Por que sequer se cogita o boicote às canalhices do presidente diante do Alvorada? Às favas com as notas de repúdio e desagravo. Um pouco mais de fibra e brio profissional caem bem.