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Alheio à encruzilhada histórica nos EUA, Glenn morde a isca do 'jornalismo imparcial'

Nov 02, 2020

Por Bepe Damasco


                                                                                                                       

Ensina o mestre Mino Carta que o bom jornalismo se faz com base na verdade factual, independentemente dos valores, crenças, conceitos filosóficos e escolhas perante a vida dos profissionais de comunicação. Mas todas as matérias jornalísticas, em maior ou menor grau, acabam construídas também a partir da visão de mundo do autor.

Primeiro, quero expressar o respeito que tenho pelo jornalista norte-americano radicado no Brasil, Gleen Greenwald, um dos mais renomados profissionais de imprensa do mundo. Sua atuação e protagonismo nos casos Snowden e Vaza Jato falam por si.

Isso posto, ouso dizer que Glenn, ao romper com o The Intercept, site do qual é co-fundador, alegando censura a artigo de sua autoria crítico à família Biden, demonstrou uma aparentemente ingênua falta de compreensão do que está em jogo nas eleições marcadas para o próximo dia 3 de novembro.  .

Com a habitual repercussão mundial que provoca, Glenn deu entrevista sobre o assunto para o canal ultraconservador americano FOX News e publicou um rascunho do seu artigo polêmico na plataforma Substack, além de ter falado para a mídia brasileira, inclusive para a contra-hegemônica.

Para a TV 247, Glenn disparou seguidamente contra Biden. Cito dois exemplos: 1) “Mídia, big tech, CIA e Wall Street apoiam Joe Biden.”
2) Trump é uma cara horrível que contamina a imagem dos EUA, mas Biden vai poder causar mais mal do que Trump.”

Fica difícil creditar o surto anti-Biden de Glenn apenas à defesa republicana e correta que faz da liberdade de expressão, segundo ele cerceada pelo The Intercept, cujos editores estariam fechados com a candidatura de Biden. Com suas declarações, Glenn entrou no mérito do debate político, fazendo juízo de valor sobre as candidaturas e agindo como se essa eleição fosse apenas mais uma entre as seculares disputas entre democratas e republicanos.

Convém, agora, passar a palavra para um dos maiores intelectuais vivos da Terra, o filósofo e linguista Noam Chomsky, de 92 anos. “Trump é o pior criminoso da história da humanidade. Ele está empurrando o planeta para uma situação de perigo extremo em função de seu negacionismo quanto à questão climática. A política de Trump vai destruir a perspectiva de vida humana na terra.”

O equívoco de Glenn, embora particularmente grave devido à iminência do resgate civilizatório que a provável derrota de Trump significa, é até certo ponto comum entre pensadores e analistas progressistas brasileiros. Para estes, tanto faz que a Casa Branca seja ocupada pelo Partido Republicano ou Democrata.

Em relação à política imperialista, intervencionista e expansionista dos EUA ao redor do mundo, notadamente no tocante ao Oriente Médio, de fato praticamente não há diferenças. Todas as forças do império nessa questão se movem na mesma direção.

Mas alto lá, em termos da promoção e do respeito aos direitos humanos, os democratas tem anos luz de vantagem sobre os republicanos, distância que se acentuou sobremaneira no governo Trump, inimigo declarado da causa dos direitos de negros, LGBTs, mulheres e imigrantes.

Como desconhecer a forte presença no Partido Democrata dos negros que sacodem os EUA com o “Black Lives Matter”, dos movimentos de mulheres, de hispânicos e demais imigrantes perseguidos, de sindicalistas e de trabalhadores pobres?

Como menosprezar o monumental revés político de Bolsonaro, que certamente ampliaria seu isolamento internacional, causado por uma derrota de Trump?

Como não considerar uma conquista da civilização mandar para casa um genocida do calibre de Trump, cuja postura negacionista e criminosa diante do novo coronavírus fez dos EUA o país recordista em mortes, além de ter inspirado lacaios como Bolsonaro a seguirem o mesmo caminho?

Claro que, como diz o senador socialista do Partido Democrata, Bernie Sanders, eleger Biden não é o fim, mas só o começo.”

Glenn não é comunista, mas sim jornalista engajado e dos melhores, mas esse episódio me faz lembrar o livro de Lênin, “Esquerdismo, doença infantil do comunismo."

 

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