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PSDB: de Mário Covas às trevas do golpismo

Ago 28, 2015

Por Bepe Damasco                                 

 

 

O movimento golpista pela ruptura da ordem constitucional perde força aceleradamente. Diante das seguidas manifestações condenando o golpe vindas de juristas renomados, intelectuais, empresários de setores de ponta da produção, banqueiros, líderes e dirigentes de um sem número de partidos, e até uma parte do cartel da mídia, o PSDB se isola cada dia mais na sua cruzada patética para interromper o mandato da presidenta Dilma.

Embora escondidas pela mídia, a Marcha das Margaridas e a grande mobilização em todo o país organizada pela CUT, CTB, MST, UNE, demais movimentos sociais, entidades da sociedade e partidos de esquerda foi um sucesso, reunindo mais de 300 mil pessoas nas ruas, praças e avenidas do Brasil em defesa da legalidade e de mais direitos.

Bem diferente da turba "indignada" com a corrupção, mas que apoia Cunha, que se diz democrata, mas que clama por intervenção militar, e que utiliza as liberdades e franquias democráticas para pregar a tortura (crime hediondo, inafiançável e de lesa-humanidade) e o assassinato de adversários políticos. 

Mesmo no PSDB não aecista a tese do impeachement encontra grande resistência. Que o digam os governadores Alckmin e Perillo. Restam no pelotão insano do candidato derrotado à presidência gente como o tresloucado deputado Carlos Sampaio, o senador e ex-governador cassado por corrupção Cássio Cunha Lima, o arquipelego deputado Paulinho da Força e o PPS do ressentido ex-comunista Roberto Freire. 

Na linha do morde e assopra aparecem Aloísio Nunes Ferreira, Serra e o capitão do Falta de Compostura Futebol Clube, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Esse trio vez por outra diz que não há elementos para o impeachment, mas prega desavergonhadamente a renúncia da presidenta Dilma. 

Contudo, basta uma análise superficial das frentes golpistas em curso para que deparemos com as digitais tucanas. Senão vejamos :

1) Investigação das contas de campanha da presidenta Dilma no TSE - Obra de quem? Exatamente do militante tucano togado, o ministro Gilmar Mendes.

2) Julgamento das chamadas "pedaladas fiscais" do governo no TCU - O relator é o ministro Augusto Nardes, cujas declarações públicas, o açodamento em votar sobre pau e pedra o processo e, praticamente, a antecipação de seu voto não deixam dúvidas de que atua no caso como se fosse um procurador do PSDB.

3) Impeachment na Câmara - A pressão diuturna para que a Casa ponha em votação um dos pedidos de impeachment da presidenta é feita  pela bancada do PSDB,

Dia desses um ex-tucano ilustre, o intelectual respeitado Bresser Pereira, disparou um petardo que atingiu em cheio o partido que ajudou a fundar : "O PSDB quer cassar uma presidenta honesta, mas apoia um corrupto", disse sem meias palavras Bresser se referindo ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, já denunciado na Lava Jato pela Procuradoria-Geral da República.

O partido que um dia foi de Mário Covas e Franco Montoro, quadros de sólidas convicções democráticas, hoje quer rasgar a Constituição. Depois de ter se convertido no representante do conservadorismo mais tacanho e atrasado, o PSDB agora enveredou pelo caminho tortuoso das trevas do golpe paraguaio. Uma afronta à memória de Covas.

Não que Covas tenha sido um homem de esquerda. Mas foi cassado pela ditadura quando liderava a bancada do MDB, na Câmara dos Deputados. Depois, liderou o campo progressista nas batalhas contra o "Centrão", na Assembleia Nacional Constituinte, através das quais a sociedade conseguiu emplacar vários artigos importantes em termos de avanços sociais na Constituição. 

Mais tarde, ainda apoiou Lula no segundo turno das eleições de 1989 e, na sequência, conteve a sede pelo poder de FHC, impedindo que os tucanos embarcassem na canoa furada do governo Collor. Se vivo fosse, duvido que Covas compartilhasse da aventura antidemocrática de seus correligionários. Esteja onde estiver deve estar lamentando profundamente que seu partido tenha se degradado a ponto de desrespeitar o bem mais precioso de qualquer regime que se pretenda democrático : o respeito à soberania popular.

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