Agora que desmorona a edificação corrupta da Lava Jato, é importante desnudar a cadeia de cumplicidade dos crimes de Curitiba no sistema criminal de justiça.
Sim, porque a Lava Jato não teria poder de fogo para tramar e executar o golpe do impeachment sem crime, estuprar a democracia ao prender e impedir o candidato preferido do povo de concorrer e destruir um setor pujante da economia do país, se não contasse com comparsas em todos os tribunais, além é claro de forte apoio na mídia.
Moro, Dallagnol e companhia formam a ponta do iceberg, a parte mais visível de um arranjo mafioso feito para interferir no regime democrático, a partir dos interesses políticos e de classe dos togados.
De sentenças aumentadas e combinadas pelo TRF-4, feitas sob medida para evitar a prescrição de alguns crimes, à negação sistemática pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) de todos os recursos protocolados pela defesa de Lula, passando pela má vontade de parte do Supremo em relação à fartura de evidências da inocência do ex-presidente, só não vê quem não quer: o Judiciário brasileiro escreveu o capítulo mais vergonhoso de sua história.
Vale destacar que as provas a granel dos abusos de Curitiba, que vieram à tona com a chamada Vaza Jato e depois com a publicação dos dados da Operação Spoofing, só corroboraram a tese da parcialidade, lawfare e fraude processual apresentada nos autos há anos pelo Doutor Zanin e demais integrantes da defesa de Lula, mas sempre ignorada solenemente pelos tribunais.
A violação do princípio processual básico segundo o qual o ônus da prova cabe ao acusador levou inclusive os advogados do ex-presidente a irem além de suas atribuições apresentando sobejas provas de que o triplex não pertencia a Lula e que tampouco o sítio era de sua propriedade. Tudo em vão, afinal quem age de má fé despreza os fatos e a razão.
É preciso colocar em xeque todo o conluio judicial montado para incriminar Lula e o PT e sabotar a economia nacional. Não vivo no mundo da lua e sei que na vida real vai ser difícil, senão impossível, punir tanta gente. Mas que sirva, então, pelo menos, para constranger esta casta de privilegiados, fazendo com que pensem duas vezes antes de praticarem novos delitos.
Vejo, portanto, como um desperdício de oportunidade na luta pelo resgate da democracia, e pela afirmação das premissas iluministas que devem reger o direito, responsabilizar somente a República de Curitiba pela profusão de crimes cometidos em nome da prestação de um serviço público essencial, que é o oferecimento de justiça à sociedade.
O combate à parte apodrecida do conjunto do sistema de justiça deve ser o foco de todos os cidadãos que se indignam diante de juízes e procuradores que usam suas funções públicas altamente remuneradas para fazer política, perseguindo os que eles consideram seus adversários (pessoas do campo popular e de esquerda) e protegendo aliados da direita e da extrema-direita.