Não cabe na minha cabeça que os militantes e dirigentes do Partido da Causa Operária (PCO) não consigam entender o que está em jogo nas manifestações “Fora Bolsonaro.”
Como não considerar que o centro da luta é assegurar a manutenção do regime democrático, tão ameaçado pelo nazifascista que ocupa a cadeira presidencial?
Como ignorar que o embate é entre os defensores da vida versus os agentes das trevas e da morte?
Como não enxergar que o alvo é o inimigo das artes, da ciência, do meio ambiente?
Como não dar boas-vindas às mobilizações a todos os que se indignam ante a defesa da tortura e da eliminação de adversários políticos feitas pelo bolsonarismo?
Como desprezar apoios no combate ao racismo, à misoginia, à homofobia e para garantir respeito aos direitos dos povos originários?
Como expulsar das trincheiras os que denunciam a corrupção que campeia no governo Bolsonaro na compra das vacinas, enquanto mais 530 mil brasileiros já perderam a vida?
Abre parênteses: o PCO é um pequeno, mas aguerrido, agrupamento da esquerda brasileira e conta com valorosos militantes. Na campanha “Lula Livre” teve presença marcante, bem como acontece em todas as mobilizações contra a liquidação do patrimônio público e pelos direitos dos trabalhadores. Fecha parênteses.
Não bastasse a agressão a um grupo do PSDB paulistano no protesto do último dia 3, e também a um contingente de ativistas do MTST que tentara evitar a confusão, o PCO na sequência ainda jactou-se desse comportamento violento e assegurou que seguirá na mesma linha de intolerância nas próximas manifestações.
Espero que os dirigentes do PCO repensem essa tática insana, com potencial de trazer prejuízos crescentes às mobilizações contra o genocida que vêm empolgando o país e crescendo de forma vertiginosa.
Espero que os “capas” do partido tenham acompanhado a exploração do episódio por parte da mídia comercial, dos partidos de centro e de direita e do próprio Bolsonaro.
Quanto às cenas de vandalismo ocorridas ao final do ato na capital paulista, a história é outra. Esse filme, diga-se de passagem, é bem conhecido. Não há dúvida que é gente infiltrada para sabotar a manifestação.
Por enquanto, trata-se de um fenômeno isolado, mas é preciso cortar o mal pela raiz, para impedir que ele se espalhe pelo país. Cabe aos organizadores dos atos a criação de brigadas de contenção e segurança para inibir a ação de provocadores fascistas.