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Os protestos em Cuba e a cobertura desonesta da Globo

Jul 17, 2021

Por Bepe Damasco                                                                                                            

Para início de conversa, não há dúvida de que a ocorrência de protestos em Havana é um fato relevante e de inegável interesse jornalístico, afinal é a primeira vez que a revolução cubana convive com mobilizações oposicionistas em 60 anos. No jargão jornalístico, trata-se de um autêntico caso de “pessoa mordendo o cachorro.”

O problema é quando o noticiário descamba para a manipulação descarada, a sonegação de informações  importantes e a falta da contextualização mais primária. No final da noite desta sexta-feira (16) assisti a uma longa reportagem em um telejornal da GloboNews sobre a crise cubana.

O fio condutor da matéria era um cantor e compositor cubano exilado nos EUA, e que deixou a ilha há muitos anos, autor de uma canção contrarrevolucionária que vem embalando os protestos, segundo a reportagem.  

Contudo, essa abordagem pretensamente lúdica foi só cortina de fumaça para descer a lenha em Cuba, mostrada como se fosse uma ditadurazinha qualquer do Caribe e seu líder histórico Fidel Castro um tirano de arrabalde.

Por razões de natureza ideológica, afinidades econômicas e políticas com o império estadunidense ou por só conceber democracia a partir do ideário liberal, a Globo tem o direito de ver Cuba como uma ditadura. Entretanto, na condição de concessão pública, até que ponto vai sua prerrogativa de esconder fatos públicos e notórios?

E discutir Cuba deixando de lado o bloqueio econômico não tem outra definição: é desonestidade.

Será que o telespectador global não deve saber do efeito devastador sobre a economia cubana do criminoso bloqueio norte-americano, agravado de forma dramática durante a pandemia, pois o país teve uma queda vertiginosa do turismo e da exportação de serviços médicos, suas principais fontes de divisas?

Por que diabos o consumidor de notícias dos veículos da família Marinho não pode ser informado, nem que seja de passagem, de que não há fome na Ilha, que Cuba superou o analfabetismo e oferece educação e saúde de qualidade para toda sua população, tudo inteiramente por conta do Estado? Não por acaso, os feitos da medicina de Cuba e o alto nível educacional de sua gente são reconhecidos pelas comunidades acadêmicas e científicas do mundo inteiro.

Em Cuba não há criança abandonada nas ruas, tampouco mendigos ou cracolândias. Mas a Globo não se cansa de criticar a pobreza existente na Ilha, como se miseráveis, famintos, viciados, doentes e desalentados não fizessem parte das paisagens das cidades do Brasil. Bem diferente da pobreza com dignidade e sem miséria verificada em Cuba.

Pobreza, aliás, que tem tudo para ser superada, assim que Cuba puder se desenvolver em paz, livre do garrote à margem das leis internacionais que é o bloqueio. A ONU inclusive, respaldada pela votação da maioria esmagadora de seus países membros, condena o bloqueio. Mas, na base do banditismo explícito, os EUA o mantém.

Voltando às manifestações e à cobertura global, as imagens revelam que vem sendo respeitado pelo governo o direito de as pessoas se expressarem livremente nas ruas.

No entanto, o cartel da mídia brasileira, liderado pela Globo, insiste em bater na tecla da existência de repressão ao movimento. Mas como, quando, onde? Cadê as imagens? Também exala um forte cheiro de empulhação a história dando conta de que mais de 400 pessoas teriam sido presas ou estão desaparecidas.

As evidências de que a cobertura jornalística prima pela desonestidade não param por aí. Onde estão as imagens das manifestações de apoio à revolução, que em muito suplantaram em tamanho os protestos oposicionistas?

Toda solidariedade à revolução cubana!

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