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Xadrez do grande negócio de Moro com a Alvarez & Marsal

Jan 23, 2022

Por Luis Nassif, no GGN                                                                                                                           

 

Peça 1 – a indústria do compliance

Em 9 de junho de 2017, enquanto a mídia corporativa persistia em seu afazer de repassadora de releases da Lava Jato, o GGN já tinha avançado bastante na teia de interesses que foi montada em torno de operações anti-corrupção – a partir da orientação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

No “Xadrez da indústria de leniência e compliance”, de 9 de junho de 2017 – quase cinco anos atrás – mostramos como foi montado o jogo da indústria da anticorrupção.

Havia duas cenouras para atrair procuradores e juízes de outros países. O primeiro, o poder conferido a eles, na medida em que o DoJ, através da DHS (Homeland Security) os alimentava com informações obtidas através de espionagem eletrônica. Informação é poder. O segundo, a parceria com grandes escritórios de advocacia norte-americano – que, ao mesmo tempo, eram colocados como interventores das empresas processadas e serviam de porta de entrada para procuradores no rico mercado de compliance.

Há várias matérias produzidas sobre a indústria da anticorrupção:

Essa indústria se reúne periodicamente em eventos internacionais e associações de compliance, como o Instituto New Law, a International Compliance Association,

World Justice Project, e o Latin Lawyer

No evento “Latin Lawyer and GIR Connect: Anti-Corruption & Investigations 2021”, entre os conferencistas estavam Sérgio Moro, representando a Alvarez & Marsal, Fernanda Tórtima (que tentou contratar o ex-procurador Marcelo Miller), e advogados de grandes escritórios contratados para trabalhos de compliance, no rastro da Lava Jato – como o Baker Mackenzie e Hogan Lovells.

Como Moro tinha acesso a informações confidenciais das empresas, o TCU (Tribunal de Contas da União) solicitou dados sobre a contratação e abriu as informações para o público.

No ano passado, Sérgio Moro foi contratado como sócio da Alvarez & Marsal, empresa que trabalha recuperação judicial de várias empreiteiras brasileiras.

Segundo o relatório, a Alvarez & Marsal havia faturado cerca de R$ 42 milhões com empresas afetadas pela Lava Jato. O advogado Tacla Duran garantiu – sem apresentar nenhuma prova – que o contrato de Moro teria 8 dígitos – ou seja, mais de 10 milhões de dólares.

Foi a primeira peça no nosso xadrez, invertendo totalmente a suspeita inicial. R $42 milhões não é nada para uma empresa do porte da Alvarez & Marsal. Se a questão era uma contrapartida a Moro por eventuais serviços prestados, a troco de quê um contrato, nos Estados Unidos, que despertaria a curiosidade geral e exporia Moro a problemas com os órgãos de controle nacionais, em troca de honorários pequenos para o porte da empresa? Ainda mais havendo plena convicção da falta de preparo de Moro para qualquer serviço juridicamente mais elaborado.

Haveria inúmeras maneiras mais práticas de recompensá-lo, sem se expor. Ainda mais sabendo do interesse de vários partidos em tê-lo como candidato a presidente da República.

Se o ganho total da Alvarez & Marsal foi de R$ 42 milhões, de quanto seria a participação de Moro? Valeria a pena abrir mão de uma candidatura a presidente – que abre inúmeras possibilidades profissionais – por um contrato de um, dois milhões de reais?

Peça 3 – a Sociedade de Propósito Específico

O jogo seria infinitamente maior se o alvo da Alvarez & Marsal fosse outro: utilizar o conhecimento acumulado para adquirir empresas brasileiras, em vez de meramente administrá-las judicialmente. Aí, as possibilidades de ganho ascenderiam a centenas de milhões de dólares.

A segunda peça ajuda a decifrar o jogo. A Alvarez & Marsal ingressou na B3 com o primeiro pedido de listagem de uma SPAC – uma Sociedade de Propósito Específico. No caso, especificamente para captar dinheiro para adquirir outras empresas. O pedido está em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

E, aí, a contratação de Moro começa a fazer sentido. Ele é o sponsor – o garantidor do projeto, na linguagem do mercado. Sponsor é o técnico, ou personalidade pública, que tem credibilidade suficiente para convencer o investidor de que ele tem um bom negócio pela frente, investindo na SPE.Em princípio, compras de empresas sob emaranhados legais – como é o caso das empreiteiras quebradas pela Lava Jato – esbarram em uma sucessão de dúvidas e armadilhas. Como ficam os acordos de leniência, as multas a serem pagas? E há as informações que circulam no COAF (Conselho de Controle da Atividade Financeira). Eventuais ilegalidades detectadas em transações anteriores poderiam comprometer a venda das empresas.

E por aí se entende outras atitudes de Moro, ao aceitar o cargo de Ministro da Justiça de Bolsonaro. Sua primeira batalha foi o controle do COAF. Planejou até colocar no comando uma pessoa de absoluta confiança, a delegada Erika Merena. Originalmente só poderiam ser do COAF funcionários públicos. Quando se decidiu que o órgão ficaria com o Banco Central, Moro arrancou um decreto de Bolsonaro que permitiu a indicação dos delegados Erika Marena e Márcio Anselmo – do grupo da Lava Jato.

Entende-se também a insistência da Lava Jato de Curitiba de manter o controle absoluto sobre o banco de dados acumulado, criando um enorme problema administrativo quando a Procuradoria Geral da República tirou esse controle.

Peça 4 – o papel do TCU

Agora, o TCU tem outro tema para trabalhar. Até agora, conseguiu os dados da Alvarez com as empresas brasileiras. Ainda não conseguiu o contrato com Sérgio Moro.

Anti-Corruption & Investigations 2021

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