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Em honra a Alexandre Teixeira

Mai 22, 2022

Por Bepe Damasco                                                                                                                     

Naquela quadra da história, tinha início a caminhada do Brasil rumo às trevas. Corria o ano da graça de 2012.

Os conservadores, com amplo respaldo da mídia comercial, resolveram fazer do Judiciário instrumento de manipulação e disputa política.

Reacionários de todos os matizes não suportavam mais as seguidas derrotas eleitorais para o PT e a disseminação do projeto político popular e democrático.

Sacam, então, da algibeira, o “mensalão”.

Eram tempos difíceis. Mesmo muitos dos nossos embarcaram nessa. Era muito comum ouvir a frase “alguma coisa eles fizeram.”

Abre parênteses: a Ação Penal 470 não teria o desfecho negativo que teve se o PT reagisse  à altura, como o fez no embate para desmascarar a farsa da Lava Jato. Fecha parênteses.

Na época, eu era o profissional responsável pela comunicação da CUT-RJ. Mas foi na condição de militante que formei junto com dois dirigentes da central, Lima e Marcelinho, um grupo inicial, no Rio, de resistência à maquina de moer reputações que se transformou o processo do mensalão.

Remando contra maré, logo estreitamos relações com o  Alexandre Teixeira, a quem conhecia à distância do tempo em que ele era diretor do Sindicato dos Bancários do Rio.

Alexandre era ligado a Henrique Pizzolato, funcionário de carreira e ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, pego como bode expiatório pela justiça para emplacar a narrativa que se pretendia.

Em solidariedade aos acusados, fomos à luta juntos no combate à onda dominante, para mostrar que das mais de 600 testemunhas ouvidas na Ação Penal 470, apenas uma, o canalha de carteirinha Roberto Jefferson, confirmara a existência do esquema. Todas as outras testemunhas negaram.

Organizamos um ato na ABI com o José Dirceu (alvo central da campanha difamatória), ao qual compareceram mais de 1 mil pessoas. Conseguimos atrair para a causa grande parte da mídia contra-hegemônica e figuras públicas importantes.

E o bravo Alexandre, com aqueles olhos arregalados cheios de vida e de coragem , cerrava fileiras conosco para esclarecer obviedades do tipo:

1) Qual o sentido de um governo com folgada maioria no Congresso Nacional comprar deputados e senadores?

2) Como o Pizzolato desviou dinheiro do Banco do Brasil se farta documentação provava que houve uma campanha publicitária efetiva em torno do cartão Ourocard do Banco do Brasil?

3)) Como o José Dirceu podia ser chefe de organização criminosa, se tivera seu mandato de deputado cassado, a reboque da campanha de linchamento do PT, e já não era ministro nem presidente do PT há tempos?

 A única acusação plausível ao PT era a utilização de um mecanismo usado desde os tempos em que os bichos falavam (tomando emprestado a expressão do saudoso Paulo Henrique Amorim) no Brasil: o financiamento de campanha eleitoral via caixa 2. Ou seja, crime eleitoral, bem diferente do que a sanha condenatória contra o PT objetivava.

Alexandre, um guerreiro, não hesitou em desafiar até o cerco judicial montado, colocando em risco sua própria segurança.

Militante de todas as horas, que inclusive se agigantava nos piores momentos, nos deixou repentinamente na última sexta-feira (20/5).

Fará muita falta. Irrequieto, criativo e combativo, ele idealizou o boneco "Lula Gigante", presença marcante em manifestações da esquerda em todo o país. 

Fica a minha modesta homenagem, que é lembrá-lo na luta.

Não te esqueceremos, companheiro.

 

 

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