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Uma reforma ditada pelo fantasma do impeachment

Out 01, 2015

Por Bepe Damasco                                    

 

A equação a ser resolvida pela presidenta Dilma passa pela necessidade de contemplar todas as alas, correntes, grupos e subgrupos do PMDB, para frear as articulações golpistas fomentadas pelos partidos de oposição no Congresso Nacional.

E, convenhamos, não é tarefa das mais simples agradar ao mesmo tempo o PMDB da Câmara, o PMDB do do Senado, além dos parlamentares sob a influência do vice-presidente Michel Temer e ou dos governadores da sigla. Dispensa comentários o apetite do PMDB por cargos e espaço na máquina pública, o que é uma espécie de razão de ser do partido.

Nas conta do Planalto, com o aumento do naco do PMDB na Esplanada dos Ministérios, de cinco para sete pastas, incluindo o  importante Ministério da Saúde, uma passo decisivo para recomposição da base de apoio no Congresso será dado.

O desdobramento imediato é o erguimento de um dique de proteção no Congresso, especialmente na Câmara, contra o impeachment. De quebra, provoca o isolamento de Eduardo Cunha, que, ora de forma dissimulada, ora explicitamente se soma aos arranjos golpistas.

A presidenta aproveita o embalo da reforma para fazer mais concessões ao mercado e à burguesia, com o aproveitamento de mais propostas dos que foram derrotados nas eleições de 2014, procedimento que vem marcando seu segundo mandato. A fusão e o corte de ministérios, cuja criação atendeu a demandas caras à sociedade, estão em sintonia com esse recuo.

Mas, se o empoderamento do PMDB na reforma deve estar sendo sendo visto pelos estrategistas do governo, se é que ele os possuem, como uma imposição da conjuntura, uma questão de sobrevivência do mandato, por outro lado, é inegável quo governo Dilma andou mais algumas casas para trás.

A tendência é que fique ainda mais conservador depois de entregar os anéis para não perder os dedos para os profissionais da política do PMDB. O esvaziamento do PT, defenestrado de áreas estratégicas socialmente como a Saúde, e, possivelmente, a Cultura, cujo papel é central na disputa por corações e mentes, inclina o governo mais à direita, erguendo novos obstáculos à luta para a retomada dos fundamentos do projeto que vigorou por 12 anos.

Mesmo produzindo alguns efeitos colaterais positivos, tais como a saída de Mercadante da Casa Civil, dando lugar a um quadro político de reconhecido talento como Jaques Wagner, e o deslocamento de Ricardo Berzoini para a articulação política, a reforma, tirante sua provável eficácia para barrar o impeachment, aumentou a apreensão sobre os rumos do governo nos próximos três anos e dois meses.

Em síntese, cresceram as chances de o governo apenas cumprir tabela até 2018.

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