Foto: Reprodução de vídeo
Lula venceu a eleição há apenas 11 dias, mas o meio político, a imprensa e a sociedade já têm a impressão de que um jogador de várzea (com todo o respeito aos simpáticos peladeiros) foi substituído por um craque de primeira linha.
Enquanto Bolsonaro faz pirraça e se tranca no Palácio Alvorada, Lula cria fatos políticos em série. É como se tomasse uma posse a cada dia antes da posse oficial em 1º de janeiro.
Abre parênteses: sabemos todos que Bolsonaro nunca foi chegado ao batente. Seu expediente como presidente da República era de, no máximo, quatro horas. Mas é permitido a um chefe de Estado e de governo abandonar de vez suas funções e continuar recebendo seu salário e desfrutando de todas as mordomias do cargo? Isso não seria crime de prevaricação? Com a palavra, o Ministério Público. Fecha parênteses.
Voltando ao que interessa que é Lula, pois o governo Bolsonaro acabou e o que vale é a expectativa de poder, o presidente eleito vem colecionado acertos até o momento.
Para fazer frente à mobilização golpista nas rodovias e em frente aos quartéis, Lula optou pelo desprezo absoluto e por cuidar da transição, como se nada estivesse acontecendo. Bingo. Isso não é problema dele, mas sim da polícia e da justiça.
Mesmo antes de embarcar para seu descanso na Bahia, indicou Alckmin para chefiar a transição, sinalizando fortemente o caráter de frente ampla de seu futuro governo, ao mesmo tempo em que pavimenta uma relação profícua com seu vice.
Dispensa comentários o quanto é relevante estabelecer esse tipo de laço. A história do Brasil está repleta de exemplos de graves problemas causados pela atuação em faixa própria dos vice-presidentes.
Ao aceitar o convite para comparecer à COP27, no Egito, Lula atraiu para si o debate cobre o clima, obrigando a imprensa a dedicar espaços generosos para os compromissos ambientais de sua campanha.
Lula lidera ainda a operação que vem sendo conduzida pela equipe de transição para garantir os recursos do bolsa família, da farmácia popular e da merenda escolar, que devem vir através de uma PEC.
E teve seu périplo por Brasília nesta quarta-feira (9).Vivemos uma conjuntura tão marcada pelo obscurantismo, pela intolerância e pelo ódio que até mesmo coisas óbvias ganham um peso extraordinário. Parece trivial, mas não é: ao visitar as instituições da República e conceder uma entrevista coletiva, Lula mostrou que o Brasil já pode comemorar a volta da civilidade e da harmonia entre os poderes.
Ah, faltou abordar as oportunas costuras políticas feitas junto aos partidos, visando garantir a governabilidade, algo essencial para qualquer governo no sistema presidencialista de coalizão parlamentar em vigor no país.
Vamos em frente. Os cães ladram, mas a caravana passa.