Foto: Ricardo Stuckert
Quem acredita em algum compromisso da imprensa corporativa com o crescimento econômico e o desenvolvimento social do Brasil deve também levar fé em mula sem cabeça e no Saci Pererê.
Os grupos de mídia, que não hesitaram em atuar na linha de frente do golpe que apeou Dilma Rousseff do governo e na perseguição que levou à prisão ilegal de Lula, estão sempre à espreita, prontos para dar o bote em defesa dos interesses do mercado.
Mesmo que o preço seja a destruição da economia brasileira, abrindo caminho para a ascensão do fascismo bolsonarista, como aconteceu recentemente.
O combate à cruzada de Lula pela redução dos juros, não por acaso, colocou na mesma trincheira todos os setores da sociedade que têm urticária só de imaginar a inclusão dos pobres no orçamento e a adoção de políticas distributivas e de inclusão social, marca registrada do Partido dos Trabalhadores.
O cálculo feito pelos que preconizam um país para, no máximo, 100 milhões de pessoas, é simples: com juros altos, o país não cresce, mergulha na recessão (já tem consultoria de banco falando em recessão técnica no segundo semestre) e não gera emprego nem renda. Isso, na visão deles, fragilizaria o governo de Lula, tornando-o vulnerável para o passo seguinte, que é campanha de desestabilização propriamente dita.
A aventura de Bolsonaro em busca da reeleição levou a um rombo de 300 bilhões de reais no orçamento. O ministro Haddad tem empreendido um grande esforço para acertar as contas públicas.
Aposto, todavia, que sua proposta de arcabouço fiscal, a ser apresentada ao país em breve e que tentará se equilibrar entre a preocupação com o rigor fiscal e o investimento social, será alvo de artilharia pesada por parte da imprensa, sintonizada com o apetite voraz do mercado financeiro, sempre avesso aos “gastos” com saúde, educação e obras de infraestrutura.
Há um consenso até entre economistas liberais de que há uma gordura considerável nos juros praticados no Brasil e que eles podem e devem ser cair. Só que a tendência é que o Banco Central de Roberto Campos Neto faça isso a conta gotas, o que, provavelmente, provocará um baixo crescimento do PIB este ano.
Aí, já imagino as manchetes dos jornais: “Pibinho de Lula”, Pibinho do governo do PT” e por aí vai.
Mas, falta combinar com os russos. Essa estratégia da elite de desgastar o governo Lula logo no primeiro ano terá que vencer dois obstáculos: primeiro o presidente Lula, um fenômeno da política, capaz de superar a maior campanha de linchamento de um político da história do país e se eleger presidente da República pela terceira vez; e depois as realizações do próprio governo.
Talvez a comunicação governamental esteja derrapando ainda, mas o fato é que, se com menos de três meses o governo já conta com uma lista extensa de realizações, que dirá no final de 2023 quando a máquina estiver azeitada.