Foto : Ricardo Stuckert
Há exato um ano o Brasil elegeu Luiz Inácio Lula da Silva Presidente do Brasil pela terceira vez e o país voltou a respirar democracia.
Tornou o comando do país algo caricato, sem responsabilidade e voltado a interesses privados e espúrios; atacou chefes dos demais poderes e tratou adversários políticos como inimigos; promoveu passeios de jet-ski e motociatas enquanto as famílias brasileiras enterravam seus mais de 700 mil mortos na pandemia de Covid-19; promoveu a destruição da cultura, da ciência, da preservação ambiental, da transparência e dos direitos.
As eleições de 2022 ocorreram sob tensão, com as afirmativas constantes de Bolsonaro que não respeitaria o resultado caso não fosse eleito, promovendo ato com representantes diplomáticos de todos os países para questionar a lisura do processo eleitoral e a confiança nas urnas eletrônicas, sistema pelo qual, a propósito, fora eleito.
A síntese da campanha da reeleição estava na tríade “Deus, pátria, família”, e se disseminava com a acusação de que a esquerda não é cristã, não é patriota e que deseja o fim da família. O discurso de ódio estimulado e manipulado o tempo todo em recursos avançados de tecnologia da informação tinha efeito devastador.
Nesse cenário, a derrota do populista autoritário não ocorreria sem tentativa de golpe, como ficou evidenciado em seguida à divulgação do resultado, com os acampamentos de seus seguidores em frente aos quarteis, bloqueios das rodovias por caminhoneiros, depredação e queima de ônibus no dia da diplomação e os atos de destruição das instalações dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023, já no início do mandato do presidente Lula.
O que Bolsonaro fez desde seu primeiro dia de governo foi agitação ideológica, com o objetivo de radicalizar os apoiadores, enquanto as ações de governo eram solapadas por lobbies privados. Promoveu privilégios, sonegação, preconceitos, sigilos, violência e ignorância.
Não existe uma só marca construtiva do governo Bolsonaro como legado ao Brasil. Ao oposto, deixou um passivo de 400 bilhões, desmonte de diversas políticas, recordes de devastação das áreas de preservação e das florestas.
Para isso é preciso não perder de vista tudo aquilo que tornou Bolsonaro possível, como lição para que não se repita. Criar antídotos contra as fakes news com habilidade e tolerância.
Há um ano o povo brasileiro gritou NÃO a tudo que Bolsonaro representa. É preciso fazer valer esse desejo garantindo que a ameaça não retorne. Lembrando que ele foi tornado inelegível, mas possui uma quantidade bem grande de seguidores fiéis e toda a família envolvida na política. E que a bancada de extrema-direita eleita ao parlamento em 2022 foi muito expressiva. Muito mesmo.
*Tânia Maria de Oliveira é advogada, historiadora, pesquisadora e membra da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia – ABJD. Secretaria-executiva adjunta da Secretaria Geral da Presidência da República.