É curiosa a discussão sobre déficit público no país. É de um primarismo obsceno. E não se acuse apenas os jovens setoristas de incapacidade de aprofundar o debate.
Um dos mais experientes jornalistas brasileiros, em sua última coluna na Folha e em O Globo, Élio Gaspari cometeu a seguinte frase:
Aqui estão alguns exemplos específicos de como as finanças domésticas e as finanças públicas são diferentes:
– Uma família pode se tornar insolvente se gastar mais do que ganha. Um governo pode não se tornar insolvente, mesmo que gaste mais do que arrecada, pois pode emitir dívida pública.
– Uma família pode investir seus recursos para obter retornos. Um governo pode investir em infraestrutura ou educação para melhorar o bem-estar social.
Comparar as finanças domésticas com as finanças públicas pode levar a conclusões errôneas sobre políticas econômicas. Por exemplo, a afirmação de que um governo deve cortar gastos para reduzir a dívida pública, como supõe Gaspari, é baseada na analogia com as finanças domésticas. Porém, se o corte de gastos levar a um desaquecimento da economia, a queda na atividade econômica provoca, ao mesmo tempo, uma queda na receita fiscal, podendo até aumentar o déficit público, além de todas as contraindicações, na redução do emprego, da atividade econômica.
Ontem, depois de todo carnaval com a mudança da meta de déficit público, a Bolsa subiu, o dólar caiu. E o tal do mundo não se curvou à supina ignorância da discussão econômica brasileira.