Segundo a Defesa Civil de Alagoas, o monitoramento da área da mina 18 vai seguir nos próximos dias - Gilberto Júnior / OVNI Vídeos e Áudios
Moradores de Maceió e cidades próximas seguem com temor por conta dos novos tremores sentidos na região, em uma área que vem causando preocupação há pelo menos cinco anos. Nesta sexta-feira (1), a Defesa Civil afirmou que “o desastre está em evolução”. Segundo o órgão, a região passa por um risco iminente de colapso.
Em conversa com o Brasil de Fato, o professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Aderson Nascimento, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geofísica, afirmou que pode ocorrer um “colapso catastrófico na região”, com a abertura de uma cratera de “vários metros de profundidade”.
“Em alguns casos pode ter o colapso catastrófico, que é cair tudo de uma vez, colapsar algumas dezenas de metros. Não podemos saber se é o caso de lá, mas os avisos da Defesa Civil dão conta disso; e a literatura diz o mesmo”, afirmou Nascimento, especialista em sismicidade antropogênica, que estuda, justamente, evento geológicos não naturais. De acordo com ele, mais de 1200 colapsos já foram causados por ação humana na história do planeta.
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Apesar de não ter havido mortes diretas, cerca de 60 mil pessoas tiveram de ser removidas de suas casas devido aos riscos de desabamentos. Muitas construções foram demolidas. Estudos apontam que o caso é a maior tragédia socioambiental em zona urbana no mundo.
Nesta sexta-feira (1), o coordenador da Defesa Civil de Alagoas, coronel Moisés, afirmou que não há risco de um possível colapso na mina 18, afetar os municípios de Pilar, Coqueiro Seco e Santa Luzia do Norte, vizinhos do local atingido.
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O professor Nascimento explica que está acontecendo uma expansão de cavernas de sal formadas quilômetros abaixo da terra, tudo efeito da atividade da Braskem na região.
A empresa realizou o processo de dissolução do sal. “Você insere água quente para diluir o sal e embaixo fica uma caverna cheia de sal hipersalino, ou seja, muito concentrada. Como o sal tem uma solubilidade máxima na água, esta caverna para de crescer. Mas, se tiver entrada de água na terra por algum problema, alguma falha, aí acontece um crescimento não controlado dessas minas.
“Quando isso acontece, lá embaixo, é como se você tivesse um queijo suiço e ele começa a ceder debaixo para cima”, explica o professor.
A escavação para exploração das jazidas de sal-gema pela Braskem na capital alagoana durou cerca de 40 anos. O afundamento aconteceu pois a região tem uma falha tectônica. A consequência foi o afundamento do solo nos bairros de Bebedouro, Bom Parto, Farol, Mutange e Pinheiro, além da localidade de Flexal.
Edição: Douglas Matos