Foto: Arquivo Pessoal
O Colégio Brasileiro de Altos Estudos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) lançou, na última segunda-feira (12), a Cátedra Patrícia Acioli, espaço colaboraivo e experimental de pesquisa spbre ética, justiça e segurança pública com o objetivo de gerar políticas públicas e iniciativas sociais.
Soares conta que a juíza trabalhava em São Gonçalo, a segunda maior cidade do Rio de Janeiro, na vara criminal. nos anos 2000, época em que a atuação crime organizado, particularmente as milícias, cresciam no estado.
“Ela começou a combater, a enfrentar judicialmente, como era seu dever, as execuções extrajudiciais, a violência letal policial. E isso acabou fazendo com que ela enfrentasse, às vezes sem o saber diretamente, as milícias embrionárias. Quando ela enfrentava a violência policial, ela enfrentava certos segmentos policiais corruptos, porque violência policial vem sempre associada à corrupção policial. E essa corrupção policial se organiza, se amplia, toma força, se torna mais poderosa. Ela sozinha enfrentava todo esse pessoal com consciência do risco que corria, pois conversava com as filhas e com a família sobre isso, mas com aquela consciência também de que esse é o seu dever”, lembra o coordenador da cátedra.
“Fazê-lo num ambiente em que o próprio Estado Democrático de Direito está corroído, na medida em que alguns de seus segmentos foram capturados pelo crime, significa enfrentar o próprio Estado em nome do Estado e, em o fazendo, ver-se em meio a uma verdadeira guerra desigual”, continua Soares.
Desenvolvimento de políticas públicas
Luiz Soares lembra ainda da despedida da juíza, quando muitas “pessoas inteiramente desprovidas de poder e de voz”, mas que foram ouvidas por Patícia compareceram ao funeral para homenageá-la, pois reconheciam no trabalho dela “uma espécie de representação extraordinária (16:10) de uma justiça sensível ao apelo popular”.
Na cátedra na UFRJ, a academia e a sociedade civil contarão com um espaço interdisciplinar de atuação, com cursos de pós-graduação e fomento à pesquisa, além da promoção do diálogo com a população para debater questões sobre a violência do Estado para formular novas políticas públicas.