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Um pouco de sangue frio e boa vontade para contextualizar politicamente as pesquisas de avaliação do governo e sobre a disputa para a presidência da República cairiam bem para alguns quadros da esquerda brasileira e integrantes da mídia alternativa.
Vejamos: depois que a frase infeliz do presidente Lula ("o traficante também é vítima do usuário") foi fartamente explorada pela imprensa comercial e pelas redes da extrema direita, e o mesmo acontecer em relação à chacina protagonizada pelo governador bolsonarista Cláudio Castro, apoiada por boa parte da população sedenta de sangue e de vingança, era previsível uma queda acentuada de Lula nas pesquisas.
Mas isso ficou longe de acontecer.
Embora tenha se posicionado como estadista, na contracorrente da opinião pública, condenando a "matança" cometida pela operação policial mais letal da história do Brasil, Lula não despencou nas pesquisas como sugere a onda de pessimismo que de repente ganhou corpo no campo democrático.
Aliás, só mandatários corajosos e com forte convicção democrática e republicana, como Lula, são capazes de assumir, por dever de consciência, posições contramajoritárias.
A variação para baixo da avaliação do governo limitou-se a uma oscilação de três pontos percentuais, dentro da margem de erro, mostrando que a metade dos brasileiros não recua do seu apoio ao presidente e mostra-se invulnerável ao espancamento midiático.
Essa resiliência é um grande trunfo eleitoral.
Já a diminuição da vantagem que Lula mantém sobre todos os candidatos no primeiro e no segundo turno é algo absolutamente normal quando se trata de disputa pelo poder.
Para os que arrancam os cabelos com isso, a notícia não é das melhores: idas e vidas, subidas e descidas vão acontecer em profusão até Lula ser eleito para seu quarto mandato, o que estou convencido que ocorrerá.
Vamos lembrar que neste país existe direita e extrema direita, tem o agro, os grupos de mídia, a Faria Lima, os militares, as polícias, as milícias, as igrejas neopentecostais.
Sem falar no antipetismo presente na sociedade, que ainda é forte.
As disputas presidenciais são tão acirradas que Lula com toda a sua força política e eleitoral nunca venceu no primeiro turno. Tampouco Dilma Rousseff revolveu a parada no primeiro turno.
Outra análise corrente, na minha visão sujeita a chuvas e trovoadas, é a que aponta a questão da segurança pública como tema praticamente exclusivo da eleição de 2026. Não resta dúvida que será um assunto central, como demonstram todas as pesquisas, mas daí a achar que o ótimo momento econômico vivido pelo país não terá peso vai uma enorme distância.
Isso não quer dizer, por óbvio, que o segmento progressista não tenha que ser mais propositivo e assertivo no debate sobre a segurança pública. Contudo, é forçoso reconhecer que passos importante foram dados pelo governo federal, tais como a PEC da Segurança Pública e o PL Antifacção.
E vem mais coisa por aí.
Ou alguém acha que Lula vai assistir sem reação aos conservadores e inimigos do povo alçarem a discussão da segurança ao topo da agenda nacional ?
E mais: uma coisa são pesquisas feitas a frio, no ano anterior à eleição. Outra completamente diferente é a campanha propriamente dita, quando se manifesta com intensidade a conhecida química entre Lula e o povo brasileiro.
Quem viver verá!

