Ouvi do deputado Wadih Damous, depois da operação que a Polícia Federal batizou debochadamente de Triplo X, um comentário ao mesmo tempo preciso e alarmante : "Como se pode admitir que instituições do Estado atuem com o objetivo de destruir uma pessoa ?" O parlamentar se referia à caça à reputação do ex-presidente Lula, protagonizada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público e reverberada pela mídia mais venal do planeta.
O viés político-partidário das ações desse conluio é tão escrachado que só um rematado idiota não percebe que a orquestração visando alijar o presidente mais popular da história do Brasil do jogo político conta com aparatos de inteligência e planejamento.
Tudo é pensado meticulosamente para deixar o governo e o PT nas cordas, ditar a agenda política do país e, de quebra, inviabilizar a candidatura de Lula, em 2018. Como diz o Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo, quem acredita que esse bombardeio incessante acontece de forma espontânea e desconectada acredita em tudo.
De tão inconsistentes, as suspeitas levantadas pela PF chegam a ser ridículas. Acusam Lula de ter obtido privilégios na compra de um triplex em um empreendimento chamado Bancoop, que não conseguiu honrar o compromisso de entregar os apartamentos para todos no tempo acertado em contrato. Mas é uma mentira deslavada. O presidente apenas comprou cotas e depois optou por não pagar a diferença entre o valor das cotas e o preço do imóvel. No entanto, os caluniadores fingem não saber que Lula e sua família não compraram triplex nenhum.
Mas a Folha de São Paulo, em nova acusação publicada como manchete nesta sexta-feira, se superou em termos de atirar excrementos como se fossem notícias sérias em direção à sociedade. Baseada num disse-me-disse nojento, com destaque para as declarações de uma ex-dona de loja de material de construção, o jornal diz que a Odebrecht bancou uma reforma num sítio frequentado por Lula e sua família. No rodapé da matéria, bem escondida, vem a informação de que a empresa nega categoricamente que tenha realizado qualquer obra ali. Ou seja, é nada x nada = nada.
Como enfrentar, então, essa campanha inescrupulosa, com base na repetição sucessiva de mentiras ? O primeiro passo é reconhecer que insumos calhordas e antirrepublicanos alimentam o cerco a Lula. E situações excepcionalmente graves só podem ser combatidas com respostas ousadas e contundentes. Não bastam mais apenas os desmentidos do Instituto Lula. Comunicador de talento raro, Lula deve soltar o verbo, seja em entrevistas coletivas, seja em atos políticos, seja onde tiver um microfone à disposição.
Em defesa de seu patrimônio político e de sua imagem, Lula não tem outra saída a não ser denunciar com todas as letras a que interesses escusos servem a banda conservadora e tucana da Polícia Federal, os procuradores reacionários até a raiz dos cabelos do Ministério Público e o amplos setores do Judiciário que aplaudem as atrocidades constitucionais do juiz Moro. "Ah, mais um ex-presidente da República atacar assim as instituições do Estado pode gerar uma crise institucional," dirão os adeptos de sempre de um republicanismo de espinha curvada que está levando a democracia brasileira ao cadafalso.
Para esses, cabe lembrar que já vivemos no Brasil uma grave crise institucional. Como é mesmo que se define uma situação na qual instituições do Estado agem sem qualquer controle, perseguindo pessoas, protegendo outras, afrontando o devido processo legal, cerceando o direito de defesa, promovendo vazamentos ilegais e prendendo e condenando sem provas ?