De nada adianta a presidenta Dilma tentar retomar a iniciativa, para, finalmente sair das cordas, enquanto perdurar o clima de caça às bruxas visando o emparedamento do governo que emana de Curitiba. De nada adianta tentar melhorar as relações com o Congresso se a agenda do país é ditada por ações de inteligência paridas nas articulações de submundo para derrubar o governo.
De nada adianta sinalizar para a sociedade que o caminho está na ampliação do diálogo, reativando o Conselhão, enquanto o ministro da Justiça ainda for José Eduardo Cardoso, incapaz até mesmo de identificar (punir e enquadrar nem se fala) o desfile golpista que passa diante dos seu olhos e que tem como um dos principais protagonistas a Polícia Federal que lhe deve, ou teria que dever, subordinação republicana. Aqui cabe um parênteses : o regime é presidencialista, portanto, toda a responsabilidade é da presidenta Dilma.
De nada adianta o grande e meritório mutirão nacional contra o mosquito Aedes aegypti se Dilma e Cardozo insistem em ver republicanismo na Operação Lava Jato, que segue banalizando prisões sem culpa formada, cerceando o direito de defesa, liquidando com a presunção de inocência e apontando suas baterias apenas para O PT e o governo, ao mesmo tempo em que protege vergonhosamente tucanos e assemelhados.
Em síntese, é humanamente impossível governar num quadro desses. Os 54 milhões de brasileiros e brasileiras que votaram na presidenta estão sendo fraudados por um condomínio golpista formado pelo monopólio da mídia, Ministério Público, Polícia Federal, o juiz Moro e boa parte do Judiciário. Mesmo no Supremo, como assinalou em artigo recente o jornalista Luis Nassif, vários ministros já se deixaram capturar pelo ambiente de terror.
A economia patina na recessão, dezenas de milhares de empregos já foram perdidos e várias conquistas e avanços dos últimos 13 anos estão ameaçados pela ofensiva das forças do atraso, especialmente sobre a cereja do bolo que é o pré-sal. E é em defesa dos milhões de seres humanos que se beneficiaram dos exitosos programas sociais da era petista que não resta outra outra opção ao governo que não seja combater abertamente as múltiplas cabeças do golpe e da sabotagem econômica e social ao Brasil.
Às favas com republicanismos acocorados que levam à inércia e com o temor de que a reação do governo desemboque em grave crise institucional. Ora, quer crise institucional mais grave do que a que já vivemos ? Ao contrário, só um contra-ataque articulado do governo pode contribuir para a travessia dessa tempestade. Não há como se contrapôr à avalanche diária se a presidenta, seus ministros, deputados e senadores, prefeitos e governadores, além de lideranças partidárias, não derem nomes aos bois, explicando para a população o que está por trás da "cruzada contra a corrupção" patrocinada pela Lava Jato. Ali não se combate corrupção coisa nenhuma, mas sim um determinado projeto político. As pessoas têm o direito de saber disso.
O governo teria que encarar como uma obrigação o esclarecimento da sociedade sobre o papel de cada um na engrenagem golpista : mídia, Gilmar, Moro, MP e PF. Também é de nítido interesse público o modus operandi desse esquema , através qual tudo é feito meticulosamente , com dia e hora marcados, para abafar iniciativas do governo ou escândalos envolvendo gente da oposição . Ou alguém duvida que a prisão do marqueteiro João Santana foi decretada por Moro para eclipsar o caso FHC-Mirian, dar novo fôlego à discussão sobre o impeachment na Câmara e jogar água no moinho do processo de cassação da chapa Dilma-Temer no TSE ?
Caso insista em bater na tecla da "crença inabalável nas instituições" como justificativa para não guerrear, o governo ocupará o lugar nada honroso na história destinado aos que caem sem luta.