De cara, informo que sou daqueles que não veem nada, absolutamente nada, de meritório na Operação Lava Jato. Nem mesmo a narrativa segundo a qual a operação tem logrado êxito na recuperação de dinheiro desviado da Petrobras me convence.
Comparado com o estrago que faz na economia brasileira, inibindo investimentos e desempregando dezenas de milhares de trabalhadores, a Lava Jato conseguiu, se é que conseguiu mesmo, restituir uma ninharia aos cofres públicos.
Tampouco não compartilho de análises sobre a operação que enxergam nela avanços estruturantes no combate à corrupção, se limitando a criticar seus excessos, como se os tais excessos fossem meros pontos fora da curva, e não o modus operandi padrão do processo estranhamente concentrado em Curitiba. Direto ao ponto, penso que a Lava Jato é 100% vício e 0% virtude. E não vai deixar legado algum em termos de blindagem do erário, pois sua motivação é nitidamente política e episódica.
Mas como não há mal que sempre dure, esse arranjo feito sob medida para destruir adversários da plutocracia brasileira e proteger seus aliados, tem prazo para acabar. O problema ó preço a ser pago pelo povo brasileiro até que isso ocorra.
Depois que a democracia for estuprada, com a cassação de uma presidenta legitimamente eleita pelo voto popular, e a inelegibilidade de Lula se consumar, com duas condenações seguidas, Moro e sua força-tarefa darão sua missão como cumprida.
Assim que a restauração conservadora, que promete ser feroz e sacrificar algumas gerações, tiver início, a Lava Jato começará a definhar até sumir do mapa. Não haverá mais necessidade de vazar seletivamente para a mídia delações e depoimentos sob segredo de Justiça. Delegados e procuradores também serão poupados da tarefa de torturar psicologicamente empreiteiros presos para que eles dedurem alguma coisa que incrimine Lula, Dilma, governo e PT.
Nesse clima de fim de festa, é possível que os tribunais superiores deixem de se curvar à pressão canalha do monopólio midiático e voltem a conceder habeas corpus a presos há mais de um ano em Curitiba sem condenação definitiva e sem provas.
Em plena vigência do regime democrático, pelo menos formalmente, prisões preventivas se transformam em definitivas para satisfazer a sanha punitiva de um juiz de primeira instância, que viola dia sim outro também, e sob aplausos da mídia, o Código Penal, o Código de Processo Penal, a presunção de inocência e a Constituição da República.
Mesmo que não seja para os meus dias, me conforta apenas a certeza de que no futuro o Brasil vai se envergonhar, e muito, da Lava Jato.