O fascismo cresce a olhos vistos. Jamais imaginei que a população brasileira abrigasse tantos adeptos de valores xenófobos, racistas, sexistas e homofóbicos. Cada vez mais, nas ruas e nas redes, gente que destila intolerância, ódio e todo tipo de preconceito mostra que perdeu a vergonha de se manifestar.
Talvez esteja aí o xis do problema. Os que compartilham a ideologia dos Bolsonaros, Malafaias e Felicianos da vida sempre foram muitos. Só que se escondiam diante de uma conjuntura que lhes era desfavorável, já que da redemocratização do país para cá foi o vento progressista que soprou mais forte.
Que as classes média e alta, em boa proporção, nunca se livraram do ranço escravocrata sempre soubemos todos. Que a chamada elite do nosso país detesta pobre e que, nos endereços das áreas nobres do Sul/Sudeste, nordestino é visto como cidadão de segunda classe é público e notório. Que esses granfinos, em geral, embora metidos a besta, são incultos e analfabetos políticos, até o mundo mineral tem conhecimento, tomando emprestado a expressão do bravo Mino Carta.
Contudo, desde que o diabo saiu da garrafa durante as tais jornadas de junho de 2013, assistimos a manifestações explícitas e crescentes de bestialização. Virou rotina para a turba fascista desejar a céu aberto a morte de adversários, torcer para o agravamento de doenças como câncer, desde que esse mal acometa pessoas de esquerda, e ameaçar crianças e incapazes. Os vermes não poupam nem mesmo uma criança com paralisia mental, como a filha do blogueiro Eduardo Guimarães.
Como são ignorantes até a medula, atuam na internet apenas para rebaixar e desqualificar o debate, pois não se espere deles nenhum argumento plausível e convincente. Nada conhecem de história e ostentam um nível de informação indigente sobre política. Militantes das trevas, buscam compensar sua frustração intelectual agredindo as pessoas covardemente.
Pior : para a desgraça geral da nação, esse fenômeno, antes restrito aos bem nascidos, contaminou também parte do povão. Hoje é comum ouvirmos gente humilde reproduzindo os disparates e as infâmias dos mais abastados. Reparem, contudo, que os meios de comunicação jamais se dignaram a produzir uma matéria decente a respeito dessa ferida aberta, que solapa o presente e ameaça o futuro do país.
E sabem por que? Justamente porque o monopólio midiático tem grande responsabilidade na disseminação desse ambiente carregado de discriminação e intolerância. Na visão das poucas famílias que controlam as plataformas de comunicação do país, devem ser varridos do mapa os partidos e movimentos com compromisso popular. Ao perseguirem esse objetivo, não hesitam em jogar fora a água da bacia junto com a criança.
O mito do brasileiro cordial virou pó. No tempo em que o grande Sérgio Buarque de Holanda escreveu Raízes do Brasil, não existia a Rede Globo Não deve ser coincidência.