Ofensas na internet podem caracterizar crimes como racismo, homofobia, injúria, difamação, constrangimento ilegal, ameaça, extorsão, entre outros
Na semana passada a nadadora Joanna Maranhão registrou uma ocorrência na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, no Rio de Janeiro, em que relata as ameaças e ofensas que recebeu nas redes sociais nos últimos dias.
“A Preta Gil já passou por isso, a Maju, a Letícia Sabatella, quantas mulheres vão sendo agredidas porque as pessoas quando estão atrás do computador elas se acham no direito, elas acham que estão impunes, e não é bem assim”, disse a nadadora.
O advogado da atleta, Fabiano Machado levou cópias impressas de mais de 250 comentários ofensivos e ameaças para ajudar a polícia.
“Há toda a sorte de barbaridades, essas pessoas pensam que estão protegidas por anonimato e elas não estão”, justificou Fabiano.
A delegada Daniela Terra, responsável pelo caso, disse que já identificou pelo menos dez suspeitos de terem ofendido Joanna Maranhão. Eles podem responder pelos crimes de ameaça, injúria, difamação e incitação ao crime. “Todo crime deixa rastro, independentemente se é feito pela rede social ou não”, afirmou.
Joanna disse que recebeu comentários ofensivos por conta de suas “posições políticas”.
“O que mais me preocupou foram os comentários usando a questão do estupro e as tentativas de desqualificar as pautas progressistas que eu defendo, tirando-as do contexto. Isso me magoou bastante. Questionar a minha performance, sinceramente, eu não ligo, porque sei o valor que tenho como atleta”, disse.
A tecnologia permitiu que o bullying e os crimes de ódio se alastrassem de forma alarmante no meio virtual, principalmente por permitir que as agressões sejam cometidas sem que o agressor precise se identificar.
Crime de ódio é uma forma de violência direcionada a um determinado grupo social com características específicas, ou seja, o agressor escolhe suas vítimas de acordo com seus preconceitos e, orientado por estes, coloca-se de maneira hostil contra um particular modo de ser e agir típico de um conjunto de pessoas.
Qualquer um pode ser vítima, e na internet, a capacidade e a velocidade da divulgação das informações permite que a perseguição se espalhe ainda mais, repetindo-se a cada vez que a uma foto ou uma mensagem é enviada ou compartilhada.
Isso faz como que a vítima se sinta exposta e desprotegida, desenvolvendo sentimentos de insegurança, paranoia e percepção pessoal distorcida, podendo gerar condições psicológicas graves como depressão e síndrome do pânico.
Enquanto isso, o agressor sente-se protegido pelo anonimato das redes virtuais, já que muitas vezes esses ataques são feitos usando contas e nomes falsos, o que dificulta a identificação. Essa sensação de impunidade aumenta quando os ataques são efetuados em grupo, multiplicando-se e espalhando-se ainda mais rapidamente.