Crianças de 9 a 10 anos do Guarujá, no litoral sul paulista, se mobilizaram em prol da mudança do nome de uma rua da cidade que homenageia um traficante de escravos. Tudo começou a partir de um trabalho escolar proposto pela professora Ademara Aparecida Jesus Santos, da Escola Municipal Myrian Terezinha Wichroski Millbourn. O projeto, intitulado “Se essa rua fosse minha”, propunha pesquisar nomes de ruas da cidade com atenção especial a avenida Valêncio Augusto Teixeira Leomil, uma das principais vias da cidade.
As crianças descobriram, na pesquisa, que Leomil era um traficante de escravos que atuou no Guarujá e enriqueceu após a abolição da escravidão no Brasil. Era um grande proprietário, possuindo uma extensão imensa de terra em Santos e Guarujá. Além disso, para encobrir seu uso e tráfico ilegal de mão de obra escrava, Leomil assassinou um marinheiro inglês que iria denunciá-lo.
Decididas a não aceitarem a homenagem, as crianças fizeram um ato em prol da mudança de nome da rua e coletaram mais de 300 assinaturas em um abaixo-assinado que foi encaminhado à Câmara Municipal. O pedido de mudança dos estudantes se baseia na lei federal 6.454/77, que diz: “É proibido, em todo o território nacional, atribuir nome de pessoa viva ou que tenha se notabilizado pela defesa ou exploração de mão de obra escrava, em qualquer modalidade, a bem público, de qualquer natureza, pertencente à União ou às pessoas jurídicas da administração indireta”.
A proposta das crianças é alterar o nome da via para avenida 20 de novembro, em homenagem ao Dia Da Consciência Negra. O abaixo-assinado será analisado pela Câmara Municipal e poderá se tornar um projeto de lei.
A própria prefeitura da cidade repercutiu a mobilização.