Durante fórum em São Paulo, nesta segunda-feira (21), especialistas debateram os desafios impostos aos trabalhadores pela adoção irrestrita, por parte dos setores patronais, da chamada Revolução Industrial 4.0 – cujo objetivo é automatizar de forma total as fábricas, o que tem como resultado a redução de postos de trabalho. Na Europa, está em discussão a concessão de uma renda básica de cidadania contra o desemprego e a pobreza. Para Marco Antônio Rocha, pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), chegou a hora se preocupar com o futuro do Brasil.
"Estamos aqui para conversar sobre desafios que se colocam, que já não são pequenos num contexto de normalidade, ou seja, eles são muito maiores num contexto onde a institucionalidade do Brasil está sendo desarmada, inclusive aquela que é relativa ao aproveitamento da política industrial", afirma à TVT.
O fórum foi organizado pela Pontifícia Universidade Católica (PUC), o projeto Brasilianas e a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil (Andifes). Para o economista Rafael Canin, é difícil prever qual será o tamanho do impacto nessa nova fase.
"É um risco muito grande de ampliar a heterogeneidade, você ter poucos cargos e poucas funções muito especializadas de alto rendimento do trabalho, além das muitas funções com baixíssima remuneração. Esse é um risco que a gente passa, mas essa é uma discussão ainda muito permeada de incertezas, pois quando a gente tem uma ruptura tecnológica dessa profundidade é difícil você avaliar qual será o cenário", diz Rafael.
O jornalista Luis Nassif afirma que é preciso consolidar um novo plano industrial nas eleições deste ano. "Você tem um grande desafio pela frente, que é como que você segura o desmonte e quais os temas que verão de reconstrução. Se tinha já uma discussão muito produtiva, antes do golpe, sobre os novos modelos de política industrial, a política de desenvolvimento produtivo e outras, que tem que ser é consolidado para um novo presidente que vem", acrescenta.