Os primeiros sete meses da gestão de Jair Bolsonaro (PSL), com recordes nas taxas de desemprego e de trabalho precário, aumento da inadimplência, e nenhuma medida concreta para o aquecimento da economia, que só desce a ladeira, tem desanimado os brasileiros e feito muito gente rever os orçamentos, cortando tudo que podem.
Sete em cada dez brasileiros (69%) tiveram de fazer cortes no orçamento no primeiro semestre de 2019. Outros 53% recorreram a bicos e trabalhos adicionais para complementar a renda.
Os dados são de pesquisa realizada nas 27 capitais brasileiras pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
De acordo com a pesquisa, três em cada dez consumidores (30%) sentiram uma piora em sua situação financeira no primeiro semestre do ano – em grande parte causada pela alta dos preços (54%) ou pela diminuição da renda familiar (38%).
O desemprego (do próprio ou de alguém da família) foi citado por 46% dos entrevistados. Outros 45% disseram que passaram vários meses no vermelho; 33% disseram ter ficado com o CPF negativado por não pagar alguma conta; 33% recorreram a um empréstimo para organizar o orçamento e 27% que tiveram de vender bens para conseguir dinheiro.
Desesperança
Para 49% dos entrevistados, a situação atual é pior do que eles esperavam no começo do ano, quando o governo de extrema direita de Jair Bolsonaro (PSL) assumiu o cargo de comandante máximo do país. Somente 13% dos entrevistados consideram que a economia está melhor do que o esperado.
O que cortaram
Seis em cada dez (56%) dos entrevistados que tiveram aperto financeiro cortaram as refeições fora de casa. Outros 54% diminuíram as idas a bares e casas noturnas, 51% deixaram de comprar roupas, calçados e acessórios, 50% restringiram as viagens e 50% reduziram as idas ao cinema e ao teatro.
Projetos adiados
Com o orçamento restrito, seis (59%) em cada dez brasileiros acreditam que será mais difícil concretizar projetos planejados para este ano, sendo a formação de uma reserva financeira (41%), realização de uma grande viagem (34%), reforma a casa (34%) e compra de um carro (30%) os mais afetados.
Prioridades do governo
O levantamento também quis saber a opinião dos brasileiros sobre as prioridades do governo para os próximos quatro anos. A geração de empregos (68%), o combate à corrupção (63%) e a melhoria da educação pública (55%) foram as preocupações mais destacadas pelas pessoas ouvidas.
Metodologia
A pesquisa ouviu 800 consumidores de ambos os sexos, todas as classes sociais e acima de 18 anos nas 27 capitais. A margem de erro é de 3,50 pontos percentuais para um intervalo de confiança de 95%.