Dois vazamentos de óleo em unidades da Petrobras preocupam os petroleiros e indicam, segundo eles, que o desmonte que vem sendo feito desde o golpe de 2016 – pelos governos do ilegítimo Michel Temer (MDB) e de Jair Bolsonaro (PSL) - está colocando em risco o meio ambiente e a segurança dos trabalhadores e da população. O primeiro vazamento, na Bacia de Campos, foi constatado no navio plataforma Cidade do Rio de Janeiro, que pertence à empresa Modec, na última sexta-feira.
Nesta terça-feira (27), um novo vazamento de óleo foi registrado em na Refinaria Abreu e Lima, que fica no Complexo Industrial de Suape, em Pernambuco. Funcionários da estatal estão tentando controlar o a situação, mas o resíduo do processamento de petróleo já atinge a área de mangue que fica nas margens da refinaria.
Para o coordenador do Sindicato dos Petroleiros de Pernambuco (Sindipetro-PE), Rogério de Almeida, esses acidentes são resultado do desmonte da Petrobras que, desde o golpe vem sofrendo com redução do efetivo de trabalhadores e cortes nos investimentos que prejudicam a manutenção.
"A Petrobrás está fazendo Plano de Demissão Voluntária (PDV) ou reduzindo o quadro transferindo trabalhadores que não aderiram ao PDV em todo o Brasil e também diminuindo os custos com manutenção”, denuncia Rogério.
Segundo ele, em Suape, a refinaria parava de três em três anos para manutenção, agora as paradas são de cinco em cinco anos. “É impossível fazer manutenção preventiva e, por isso, aqui já teve incêndio e agora a tubulação furou e vazou óleo dentro da refinaria e chegou até a estação de tratamento, mas a quantidade de óleo era grande demais e a estação não deu contra de decantar porque era mais óleo do que água”, explicou o dirigente.
De acordo com ele, a Petrobras informou que vazaram 3 mil litros de óleo e 2 mil litros de água. Por isso, não deu para decantar. Ele acredita que foi muito mais.
Além disso, a Estação de Tratamento de Detritos Industriais da refinaria, que tinha dois funcionários, agora tem um só que ainda tem outras tarefas, diz Rogério. Ele explica que o trabalho da estação é receber e tratar o resíduo do processamento de petróleo para que somente água seja expelida para o meio ambiente. "Como a quantidade de óleo vazada era grande, a estação não conseguiu contê-lo”.
Em Suape, o número de trabalhadores caiu de 220 para 170 nos últimos dois anos. “Isso prejudica a manutenção e a segurança dos trabalhadores", diz Rogério lembrando que essa é a estratégia do governo para justificar a privatização da Petrobras e outras estatais.
O coordenador do Sindipetro-PE fez um Boletim de Ocorrência (BO), na Delegacia de Ipojuca e entrou com representação no Ministério Público para que as causas do acidente e a tamanho do prejuízo ao meio ambiente sejam devidamente investigados e punidos.
De acordo com o Estadão, a Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH) também foi informada sobre o incidente e está no local para analisar o impacto ambiental do problema. Segundo a CPRH, o óleo não é inflamável e está sendo contido pela Refinaria Abreu e Lima. Ainda de acordo com a agência, a refinaria instalou sete barreiras de contenção de óleo no mangue e vai tratar o material que está sendo recolhido pelos caminhões de sucção.
Confira abaixo o vídeo que Rogério fez mostrando o estrago que o acidente provocou e o trabalho de retirada do óleo do mangue.