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Governo recua e reconhece que foram fechadas 191 mil vagas e não criadas 75 mil

Por CUT Nacional                                                                                                                                

 

Foto: Roberto Parizotti (Sapão)

A equipe econômica do ministro Paulo Guedes comemorou a criação de 75,9 mil novos empregos com carteira assinada em plena pandemia. O ministro se baseou nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged)que lista as admissões e demissões mensalmente. Agora, depois de rever a movimentação, os técnicos do Caged voltaram atrás e admitiram que, na verdade, houve uma redução de 191,5 mil postos de trabalho em 2020.

As empresas têm o prazo de um ano para informar ao Caged quantos trabalhadores e trabalhadoras foram contratados e quantos foram desligados. Como 2020, foi um ano atípico por causa da pandemia que provocou falências e demissões em massa, muitas empresas deixaram para depois a inclusão dessas informações, colocando água no champanhe aberto cedo demais pelo governo de Jair Bolsonaro (PL).

Quando comemorou os números equivocados,  Guedes chegou a dizer que, com o auxílio emergencial e o programa de redução de jornada e salários e suspensão de contratos, apesar da pandemia, o Brasil estava criando empregos muito rapidamente. 

Esta é a segunda vez que os dados do ano passado são revisados para baixo. Em janeiro deste ano, o número de empregos criados havia sido anunciado em 142,6 mil. Em novembro, após a primeira revisão, o número caiu para 75,9 mil. Agora o saldo que antes era positivo ficou negativo em 191 mil vagas fechadas. Houve um aumento nos desligamentos em 2,9%, e nas admissões em 1,1%.

Este número de desligamentos pode ser ainda maior, de acordo com a economista e professora da Unicamp, Marilane Teixeira, especialista no mercado de trabalho, porque as empresas ainda têm até 31 de dezembro para informar as demissões e contratações com carteira assinada.

“Faltou transparência ao governo Bolsonaro, pois a equipe econômica sabe que as empresas têm um ano para informar os desligamentos. Um ano atípico com pandemia, era evidente que os dados mudariam e muito. Mas eles quiseram comemorar para tentar enganar a opinião pública sobre o agravamento da crise econômica”, critica Marilane.

A economista explica que em anos anteriores, especialmente nos governo do  PT, mesmo com o prazo de 12 meses para as empresas informarem o Caged, não havia tanta discrepância porque a economia do país se mantinha estável.

“É uma prática comum quando você acessa o Caged para obter as informações, aparecerem os dados de admissões e demissões, dentro do prazo e os que foram informados fora do prazo”, conta Marilane.

Dados do Caged mostram ainda que houve uma queda real de 4,3% no salário médio de admissão na comparação com outubro do ano passado.

Outro levantamento que a economista diz que revela que a economia não ia bem, são os informados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) que é a  declaração das empresas feita até março do ano seguinte em relação ao ano anterior. Ou seja, são computados até março de 2021, os vínculos ativos de emprego existentes até 31 de dezembro de 2020.

Segundo Marilane Teixeira , na comparação dos dados da Rais , de 2019 com 2020, houve redução de postos de trabalho. Até 31 de dezembro de 2019 havia 47 milhões e 554 mil vínculos ativos. Em 31 de dezembro de 2020  caiu para 46 milhões e 236 mil. Uma diferença de 1,318 milhão de empregos a menos.

“Era óbvio que os números do Caged também iriam mostrar redução. O  erro do governo ao divulgar os dados, foi o de não dizer que estão sujeitos a atualização. Eles comemoraram para derrubar a tese de que a economia ia mal e as empresas indo pro buraco. Do ponto de vista estatístico não houve erro, e sim manipulação em não dar visibilidade ao problema do desemprego ”,conclui a economista.

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