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Atos em São Paulo marcarão 50 anos do assassinato de Alexandre Vannucchi pela ditadura

Por Rede Brasil Atual                                                                                                                              

 

No dia 17 de março, data do assassinato de Alexandre Vannucchi, o Institulo Vladimir Herzog promove uma série de atos em memória do estudante. "Manter essa história viva." Jornal da USP/Reprodução

O assassinato de Alexandre Vannucchi Leme pela ditadura civil-militar completa 50 anos no próximo dia 17. Alexandre estudava Geologia na Universidade de São Paulo (USP) e tinha apenas 22 anos quando, em 1973, foi preso, torturado e morto por agentes do DOI-Codi. Para marcar a data, o Instituto Vladimir Herzog (IVH), a Comissão Arns e o Núcleo de Preservação da Memória e da Política (NM) organizam uma série de manifestações. 

A programação tem início às 16h, com ato em memória de Alexandre na Sala dos Estudantes da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco da USP, no centro da capital paulista. Durante o evento será exibido vídeo sobre a história do estudante. O cantor Renato Braz participa do ato.

Além disso, o jornalista Camilo Vannuchi, primo em segundo grau de Alexandre, faz o pré-lançamento do livro Eu só disse meu nome. O título da obra faz referência à frase gritada por Alexandre, segundo testemunhas, após ser sequestrado e chegar ao DOI-Codi. “Sou um estudante de Geologia. Me acusam de ser da ALN. Eu só disse o meu nome.”

A homenagem seguirá com missa, às 19h, na Catedral da Sé. A cerimônia será conduzida por Dom Pedro Luiz Stringhini e Dom Angélico Sândalo Bernardino. Dom Angélico foi um dos celebrantes do ato ecumênico realizado após o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, em outubro de 1975, também pela ditadura. 

‘Manter história viva’

A coordenadora da área de Verdade, Memória e Justiça do IVH, Gabrielle Oliveira de Abreu explica que o objetivo dessas ações, ao “manter a memória do Alexandre viva”, é lembrar as muitas vítimas de crimes cometidos pelo Estado brasileiro naquele período. “Queremos apresentar o Alexandre para as pessoas, para além de sua morte que é um fato político inegável. A gente quer apresentar o Alexandre que era filho, primo, estudante, super inteligente. Que tinha tudo para ser um geólogo excelente e relevante para sua área, mas que teve a sua vida covardemente ceifada pelo Estado brasileiro. É importante manter essa memória viva em razão do histórico, das lutas, de todo o contexto político que envolve a morte do Alexandre. O que a gente quer também é apresentar esse jovem Alexandre que a maioria de nós não conhece”, destacou a historiadora e mestra em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em entrevista nesta quinta (9) ao Jornal Brasil Atual

O caso de Alexandre também fica marcado neste 2023 por completar 10 anos que ele foi declarado anistiado político pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. O reconhecimento confirmou que o estudante foi vítima do próprio Estado. Além de retificar sua certidão de óbito, incluindo que ele foi vítima de tortura, violência e maus-tratos por agentes do DOI-Codi. De acordo com Gabrielle, o documento rebate a acusação feita na época pelos militares, de que a Alexandre seria “terrorista”. 

Missa na Sé, ato na USP, livro e exposição lembram assassinato de Alexandre Vannucchi

Até hoje sem responsabilização

A historiadora enfatiza que as violências praticadas pela ditadura não se justificavam. “Ele (Alexandre) não era terrorista. Ele era muito pouco envolvido nas organizações de esquerda, em toda essa discussão naquele momento. Mas esse não é o fato mais importante. O fato mais importante é que Alexandre foi um jovem, estudante da USP, que foi assassinado de maneira extremamente truculenta por agentes públicos no espaço público.” 

A Comissão da Verdade também recomendou que as circunstâncias do assassinato de Alexandre fossem esclarecidas e pediu a responsabilização. Até hoje, porém, houve poucos avanços nesse sentido, segundo o IVH, que acompanha a evolução dessas recomendações. “A gente sabe que teve uma discussão (sobre esse caso) no interior das Forças Armadas. O que dá dimensão do quanto o Alexandre sofreu no 16 e 17 de março, quando ele foi assassinado”, observa Gabrielle. 

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