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A violência da PM paulista contra professor e estudante

Por Conceição Lemes, no Viomundo                              

 

 

Na sexta-feira 13, o juiz Luís Felipe Ferrari Bendite, da 5ª Vara da Fazenda Pública , suspendeu todas as reintegrações de posse de escolas da rede estadual de São Paulo. Foi uma decisão liminar à ação impetrada pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo — Apeoesp. Atuaram no mesmo sentido o Ministério Público e a Defensoria Pública do Estado.

A Polícia Militar (PM), no entanto, não respeitou a decisão judicial.

Nesse sábado à tarde 14, a PM desocupou de forma violenta a  Escola Estadual José Lins do Rego, na Estrada do M’Boi-Mirim, Guarapiranga. Alunos e professores foram agredidos e o professor Edivan, preso, como mostra o vídeo acima.

“Desde 2010, quando o governador era José Serra (PSDB) e os policiais espancaram os professores em manifestações, a PM não agia assim com a gente”, lamenta Maria Izabel Noronha,  presidente da Apeoesp.

Provavelmente os policiais acreditavam na impunidade, porque era final de semana e a escola da periferia. O que não contavam é que hoje, graças à internet e aos celulares, vídeos podem ser gravados e postados quase instantaneamente.

“Nesta segunda-feira 16, nós vamos entrar com ações contra o Estado pelo fato de a PM do Alckmin desrespeitar decisão judicial e usar a violência contra professor e estudantes”, avisa Izabel Noronha.

“A liminar do juiz vale para todas as escolas, inclusive a Escola Estadual Diadema, cuja reintegração de posse estava prevista para esta segunda-feira”, avisa.”Tanto que, ontem mesmo [sábado, 14], nós peticionamos ao juiz de Diadema, informando-o da decisão da Justiça.”

A decisão do juiz Luís Felipe Ferrari Bendite derrubou também  liminar que o governo Geraldo Alckmin (PSDB) havia conseguido na Justiça contra a Apeoesp, responsabilizando-a pelas ocupações. Para cada escola ocupada, foi estabelecida uma multa de R$ 100 mil. Considerando que hoje estudantes já ocupam 20 escolas, a multa já estaria em R$ 2 milhões.

“Foi mais uma tentativa do Alckmin criminalizar a Apeoesp”, afirma Izabel Noronha. “O governo não consegue entender que foi uma decisão autônoma dos estudantes. O que nós fizemos foi, após cada ocupação, buscar proteger os meninos e meninas, da truculência da PM do Alckmin.”

PROFESSOR JÁ FOI LIBERADO. DIADEMA CONVOCA PARA ATO NO DIA 19

O professor Edivan, que é muito querido pelos estudantes, já está em casa. Hoje a página Não fechem a minha escola postou esta mensagem dele:

Não é o corpo que dói

Não são os braços marcados pelas algemas

Não é a cabeça inchada pelos golpes

…e nem é a dor da vergonha

por sair algemado como um criminoso num carro da polícia

…algo que em tempos que o tempo não me deixa esquecer, prometi aos meus pais que jamais aconteceria.

Minha revolta nem é contra a PM

…contra policiais, trabalhadores que se vêem convertidos a engrenagens de um sistema cruel que converte trabalhadores em algozes de trabalhadores.

Minha dor

é a dor que corrói as entranhas de uma sociedade doente , onde defender o justo , o correto , o digno e o óbvio constitui um crime.

Não invadi a escola

Não destruí uma ponta de lápis do patrimônio público

Não estimulei violência de qualquer natureza

Não me satisfez ver sangue num espaço que deveria estimular sonhos .

Amo a profissão que abracei

Amo a possibilidade de dialogar com vidas

de estimular seus potenciais, seus sonhos e seu desejo inalienável e sagrado de ser feliz.

Há tão poucas décadas reconquistamos o direito a voz que pode dizer …

Há tão poucas décadas nossas escolas puderam provar o gosto doce da liberdade , da criticidade e do debate democrático.

Que a nossa geração não permita que isto morra …que escolas sejam espaços de diálogo , de debate, de tensões (a unanimidade é perigosa) …que a comunidade escolar (estudantes , professores e gestores) possam construir …e construção meus amigos , não é silêncio, não é cerceamento, não é intimidação.

O que me dói, de verdade …no corpo e na alma …é ser um educador , num estado em que

a educação pública agoniza …e se debate em medidas paliativas, implementadas de forma unilateral e autoritária.

Agradeço imensamente a todos

que de um modo ou de outro externaram

apoio e solidariedade num momento tão difícil

Agradeço o carinho de colegas, país e estudantes que tanto amo !!

Que o retrocesso e o obscurantismo não encontrem morada nestes dias em que fomos agraciados com a vida!

Muito Obrigado !

Estou bem e em casa.

Vida que segue …luta que não pode retroceder!

E ao que tudo indica as ocupações vão prosseguir, apesar do jogo bruto e sujo do governo Alckmin.

Os alunos da EE Diadema, a primeira escola ocupada no Estado de São Paulo, conseguiram adesão dos pais, que estão juntos na ocupação. Eles convocam para esta quinta-feira, 19 de novembro, um dia nacional de luta e ocupações nas escolas. É em defesa da Educação no Estado em todo o Brasil. Fotos, vídeos, convocações de ato de estudantes, mande-nos para o e-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

 

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