Neste 25 de julho, Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, se celebra a luta antirracista e o papel importante das mulheres contra a discriminação racial. A data é uma oportunidade de honrar as conquistas e para refletir sobre os desafios enfrentados por elas ao longo da história.
No Brasil, o dia foi instituído pela Lei nº 12.987/2014, sancionada pela ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, com o objetivo de dar visibilidade ao papel da mulher negra na história e reafirmar o marco internacional.
Tereza de Benguela foi líder do Quilombo Quariterê, localizado na divisa do Mato Grosso com a Bolívia, governou e liderou a resistência contra os escravistas da época, reunindo uma população de mais de três mil pessoas, entre negros, indígenas e brancos para defender o território onde viviam.
Para Julia Nogueira, secretária nacional de Combate ao Racismo da CUT, o dia 25 de julho é uma data para ser lembrada e comemorada, mas com luta e resistência, papel que as mulheres negras sempre souberam desempenhar.
“Em nossas lutas e ações a gente avançou, mas precisamos ir além porque nós mulheres pretas deste país, mulheres da CUT, trabalhadoras unidas, organizadas, seja através das estaduais ou dos ramos, estamos demarcando essa data porque só assim conseguiremos avançar. Lutando”, afirma a dirigente.
“A luta sindical da CUT é para empoderar as mulheres negras, para que o racismo seja combatido no trabalho e na vida”, diz Nadilene Nascimento, secretária-adjunta, sobre a data histórica.
Desigualdade no mercado de trabalho
De acordo com a pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), divulgado em julho de 2023, a remuneração média das mulheres negras era de R$ 1.948, o que equivale a 48% do que homens brancos ganham na média, 62% do que as mulheres brancas recebem e 80% do que os homens negros ganham.
Essa desigualdade permanece apesar do aumento do contingente de mulheres negras na população em idade ativa e da ampliação da escolaridade. Segundo o levantamento, entre o primeiro trimestre de 2012 e o de 2023, a população em idade para trabalhar cresceu 13,4% no Brasil; entre mulheres negras, essa expansão foi de 24,5%, próximo do registrado para homens negros (22,3%), e muito acima do percentual entre homens brancos (2,8%) e mulheres brancas (1,9%).
De acordo com a pesquisa, a participação das mulheres negras que chegaram ao ensino superior e concluíram o curso dobrou, de 6% em 2012 para 12% em 2023. Esse avanço, entretanto, não foi suficiente para melhorar outros indicadores deste grupo no mercado de trabalho.
As mulheres negras empregadas estão majoritariamente em funções que apresentam remunerações mais baixas e que estão mais associadas à informalidade- Julia Nogueira
Segundo a dirigente, os fatores que levam a esse quadro são múltiplos, a começar por barreiras dadas por preconceitos ou falta de oportunidades para capacitação.
Data histórica
O dia 25 de julho, reconhecido pela ONU, em 1922, como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, tem origem em um encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas, realizado em Santo Domingo, República Dominicana, com a proposta de denunciar o racismo e o machismo enfrentados por mulheres negras no mundo e construir a unidade de suas lutas.
Ao longo da história, as mulheres negras têm se destacado como líderes e ativistas incansáveis, lutando por seus direitos e pelos direitos de suas comunidades. Mulheres como Tereza de Benguela, Lélia Gonzalez, Dandara dos Palmares, Antonieta de Barros, Angela Davis, dentre tantas outras.
As mulheres negras latino-americanas e caribenhas enfrentam múltiplas formas de discriminação e opressão, provenientes do racismo estrutural, machismo e desigualdades sociais e econômicas. Elas são frequentemente vítimas de violência, têm menor acesso à educação, saúde e emprego digno, além de serem sub representadas nos espaços de poder e decisão.