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Educadores lembem um ano do massacre de Curitiba

Por CUT Nacional                                                 

 

 

Rostos determinados, passos firmes, vozes unidas, em um coro emocionado, anunciava pelo trajeto entre a Praça Santos Andrade e o Palácio Iguaçu: “Eu ‘tô’ na luta e vou ficar!”. Sim, um ano após o episódio que entrou na história como o ‘Massacre do 29 de abril’, mais de 25 mil pessoas – entre educadores(as), servidores(as) estaduais, estudantes, pais e mães, integrantes dos movimentos sociais e sindicais – engrossaram uma das maiores marchas organizada pelos(as) trabalhadores(as) nos últimos anos. Todos(as), sem dúvida, na corajosa luta. E a população de Curitiba pode ver, mais uma vez, que a violência cometida contra os(as) trabalhadores(as), há um ano, só fortaleceu as categorias. “Somos como os bambus do ditado chinês, que envergam, mas não se quebram”, descreveu o presidente da APP-Sindicato, o professor Hermes Silva Leão.

Ainda na Santos Andrade, os(as) educadores(as) do Paraná receberam o apoio fraterno de representantes dos(as) trabalhadores(as) da Educação de várias partes do país. ‘Abraços’ e apoio foram enviados por colegas da Bahia, Alagoas, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Todos(as) participando do ato nacional organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE): a 17ª Semana Nacional em Defesa da Educação Pública que, este ano, teve seu evento principal no Paraná, em virtude do ato organizado pelo Fórum de Lutas 29 de Abril.

“Trago um abraço fraterno de todos os que choraram e sofreram, com vocês, há um ano. Para terem uma ideia, nas nossas negociações, no Rio Grande do Sul, o governador de lá repetia que não queria ser o Beto Richa gaúcho. Então, o governador do Paraná conseguiu a proeza de envergonhar a própria direita. E precisamos continuar assim, juntos, para evitar que novos atos de covardia contra os trabalhadores de qualquer lugar do Brasil”, falou a represente do Cpers, Eliane de Moura. Saudações também foram feitas por parlamentares que apoiam os(as) servidores(as) estaduais. “Foram mais de duas horas de bombas sobre os servidores públicos, em sua maioria professores e funcionários de escola. Um massacre ordenado é patrocinado pelo governo do estado. Jamais esqueceremos”, destacou o deputado estadual, e ex-presidente da APP, Professor Lemos.

Encontro na Praça Tiradentes – Um ato simbólico ocorreu em frente à Catedral de Curitiba, localizada na Praça Tiradentes. No local, milhares de pessoas que saíram da Praça Santos Andrade encontraram-se e foram acolhidas por uma multidão formada por servidores(as) das outras categorias do serviço público estadual, por trabalhadores rurais, estudantes e membros de variados movimentos sociais. Uma mística, que contou com símbolos de vários segmentos, foi realizada em frente à igreja. Em seguida, o músico Pereira da Viola cantou e aqueceu os corações dos manifestantes, que marcharam rumo ao Palácio Iguaçu.

Para o presidente da APP, o comportamento das milhares de pessoas presentes, que se portaram de forma pacífica e organizada, desmoralizaram as acusações falsas e os ataques desferidos, nos últimos dias, contra o sindicato. “Uma série de boatos, um panfleto falso e até uma carta anônima, enviada para alguns deputados, foram atribuídos a APP. Nós nunca nos furtamos de fazer a crítica pública. Não precisamos nos esconder para falar o que deve ser dito. Não somos covardes. E é por isso que estamos, mais uma vez, nas ruas. Para mostrar a nossa força. Além disso, nós denunciamos, no dia de hoje, que o governo depois de ter penalizado a população do Paraná com o ajuste fiscal, vem descumprindo direitos. Nós temos uma pauta, como promoções e progressões, que completa um ano sem ser atendida; compromisso de melhorias no contrato dos PSS que o se comprometeu na mesa de negociação da greve, mas não implementou; o enquadramento dos nossos aposentados, outro compromisso assumido e esquecido pelo governador. Então, estamos levando para a rua o não atendimento da nossa pauta, que é longa, nem mesmo a pauta mínima aprovada na assembleia estadual da nossa categoria”, afirmou Hermes.

Chegada ao Centro Cívico – Muitos(as) educadores(as) se emocionaram com a chegada da caminhada ao palco do massacre no ano passado: a Praça Nossa Senhora da Salete, em frente ao Palácio Iguaçu e Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). No local, as pessoas ficaram concentradas e almoçaram. O professor Fernando Maia, de Curitiba, que esteve no Massacre e acompanhou na marcha de hoje, falou sobre como se sentiu. “Voltar hoje, aqui, me emociona muito. Ano passado, a nossa pauta envolvia a manutenção dos direitos. Hoje, relembramos que durante a nossa luta fomos abatidos, por uma repressão violenta e brutal. Fomos proibidos, naquele dia, de entrar na ‘Casa do Povo’, mas mostramos, há um ano e hoje, que a rua é nossa”, assegurou. O estudante de Cinema da Unespas, Lucas Souza, também falou sobre o que o levou a mobilização há um ano e hoje. “Não foi por coisas diferentes. Estivemos e estamos aqui na defesa dos direitos da escola e universidades estaduais. Este não é apenas um dia para relembrar, é um dia para protestar e cobrar”, afirmou.

Um convidado especial também esteve na manifestação, o ganhador do Prêmio Nobel da Paz, em 1980, o argentino Adolfo Pérez Esquivel. Ativista dos Direitos Humanos, comprometido com a não violência e com a teologia da libertação, ele falou sobre a atual situação política no Brasil e na América Latina. “Estamos em um momento de crise, mas estamos ficar unidos e buscar a nossa liberdade. A luta não terminou no Continente. Há um golpe branco acontecendo na América Latina e que chega, agora, no Brasil. A única possibilidade de resistência é a união do povo. Na Argentina, meu país, voltamos a ter um governo neoliberal. Em quatro meses, 1,4 milhão de pessoas já voltaram para a pobreza. Aqui, neste ato, há muito educadores. A educação é essencial para alcançar a consciência crítica e valores. Assim, estou aqui para dar o meu abraço solidário que a força e a esperança continue com vocês”.

E o ato terminou em grande estilo, com o show da banda Detonautas. “Hoje faz um ano do massacre que Beto Richa, do PSDB, promoveu aos professores do Paraná. Foram bombas, helicópteros, tiros de borracha e todo tipo de humilhação. Estamos hoje, aqui, honrados de fazer este show em memória desse episódio que mostra o descompromisso desse governo com a educação. Nosso apoio aos professores é incondicional”, afirmou o vocalista da banda, Tico Santa Cruz.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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