Por mais que o caso tenha sido minimizado e abafado, a agressão de uma fanática a D. Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, por uma transtornada mental, é gravíssimo.
Os presentes ao ato asseguram, registra o Nassif, que a moça gritava que o arcebispo e a CNBB não iriam servir, com a Igreja, aos “comunistas”.
O Cardeal Scherer é da corrente conservadora da Igreja e não merece menos respeito por isso. Inclusive de mim, um ateu que teve a experiência de trabalhar, respeitando e sendo respeitado, para outro cardeal conservador, Eugênio Salles e tendo ótimas relações com dois de seus bispos auxiliares, D. Celso José Pinto da Silva e D. Afonso Felipe Gregory.
É visível, no vídeo divulgado pela Jovem Pan, que D. Odilo tenta, repetidamente, acalmar a moça, inclusive abraçando-a e acariciando sua cabeça por perceber-lhe o transtorno. Mas é também perceptível que tem um sentido premeditado ela esperar que ele chegue próximo aos padres, que renovavam seus votos, como fazem todo ano, e – depois de acenas para alguém – ostensivamente arranque-lhe a mitra, aquele paramento de cabeça que bispos e arcebispos – e não padres – usam nas cerimônias.
A mitra tem o sentido da respeitabilidade do hierarca da Igreja, como fosse um capacete de proteção e imposição de autoridade católica.
Com loucura ou sem loucura, o que quis se atingir foi a autoridade do arcebispo.
Pode ter sido pela mão de uma pobre coitada, em desequilíbrio mental, mas há indícios de que possa haver mais alguém nesta loucura.